quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Ah Fogão, eu gosto de você! Mas ganha uma porra!

Agüenta coração!!! Não sei porque ainda me desespero assistindo aos jogos do Botafogo. Me preparo, assim como todo torcedor de outros times, e aguardo com ansiedade o horário da partida. Como bom botafoguense, a superstição me leva a colocar sempre a mesma camisa que os jogadores estão usando – listrada, branca ou preta. Ontem, contra os hermanos do Estudientes, foi a vez do uniforme 1, de camisa listrada.

Nada de anormal aconteceu, a não ser a lamentável cena onde o zagueiro André Luiz tomou o cartão amarelo das mãos do árbitro em um momento de destempero e acabou expulso. Eu pensava que isso só ocorresse em peladas. Uma vez, jogando pelo extinto Canarinho, nosso lateral direito partiu para cima do “professor”. Luiz, servidor do Superior Tribunal Militar, também perdeu a linha, mas ao contrário do quase xará André Luiz, ele tomou foi o apito do árbitro. Disse alguns palavrões e começou a apitar forte gritando: “É assim que apita. Você não tem força para apitar?” É claro que também foi expulso.

Com um jogador a menos, o meu Fogão não conseguiu os cinco gols necessários para a classificação e acabou empatando por 2 a 2. Agora, o time da Estrela Solitária está fora da Sul-americana, competição que vai participar novamente em 2009. Com essa eliminação, a temporada para o Botafogo acabou mais uma vez sem títulos. E eu ainda perco noites vendo esse Fogão jogar. Eita paixão!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Provocado, respondo e publico

Fui provocado por amigos durante a semana. Disseram que, além de desatualizado, meu blog simplesmente não comentou as eleições municipais e estava perdendo a chance de tecer um comentário sobre a vitória de Barack Obama à Presidência dos Estados Unidos. Pois bem, digo que cutucaram a onça com vara curta.

Acompanhei por meio da imprensa as disputas em território do império norte-americano. Confesso que me impressionei com duas coisas. A primeira, um negro conseguiu vencer uma prévia no partido Democrata. É claro que isso jamais ocorreria no partido Republicano, mas foi um começo. Depois de ganhar da senadora Hillary Clinton, a vitória de Obama sobre o republicano John McCain era questão de tempo. E assim foi.

O cientista político americano Terrie Groth, ministrando aula na Universidade de Brasília (UnB), defendeu com veemência a eleição de Obama. Citou a crise econômica mundial, provocada pela bolha imobiliária nos EUA, como o fim do período republicano no poder. Além disso, o desgaste republicano com a guerra no Iraque – considerado um dos maiores erros do presidente Bush nos seus oito anos de mandato – foi outro fator levado em conta.

O segundo item que chamou atenção foi a participação no pleito. Acreditem: 64% dos americanos votaram. Seria ridículo a gente achar isso muito no Brasil, onde o voto é um dever e não um direito. Mas nos EUA, onde o voto é facultativo, essa parcela da população indica que o país clamava por mudanças. Apenas em 1908 o índice de participação foi tão elevado. Para se ter uma idéia, na última eleição o presidente Bush foi eleito em uma disputa onde apenas 38% da população votante compareceram às urnas.

Mas o que fez esse índice saltar tanto em apenas quatro anos? A participação de negros e jovens. Levados pela onda da Obamania, eles passaram até 8 horas em filas aguardando para votar. O resultado foi um massacre.

A chegada de um negro à Presidência dos EUA é uma conquista não apenas para os americanos, mas para todos os negros que sofrem discriminação em todos os cantos do mundo, principalmente aqui no Brasil. A etnia, de um modo geral, renova suas forças na luta contra o racismo.

Minha confiança era tanta na vitória do democrata que apostei, ao lado de mais quatro companheiros, uma caixa de cerveja no sucesso de Obama. Bem, não precisava ser nenhum gênio para perceber as conjecturas que se formavam e acertar o palpite. Sorte a minha.

Espero que a eleição de Obama me renda outras conquistas. De uma forma macro, espero que ele olhe para a América Latina com mais atenção. Que estreite ainda mais a relação com o Brasil e que, um dia, perceba que o protecionismo americano sobre produtos agrícolas brasileiros é uma bobagem.

Enquanto isso não se concretiza, vamos pensar em 2010, quando, ao que parece, o presidente Lula finalmente sairá do poder. A prévia ocorreu no mês passado e o retrato das eleições municipais coloca o PMDB em situação privilegiada.

O próprio senador Aloízio Mercadante (PT-SP) está preocupado. Disse que vai cobrar a fatura do PMDB pelo apoio petista já nas eleições para a Presidência do Senado. Tião Viana é o nome da companheirada. O PMDB procura emplacar o ex-presidente José Sarney. Alguém quer apostar comigo uma caixa de cerveja de que o PMDB vai fazer seu jogo e o PT, como diria o velho lobo Zagallo, vai ter que engolir?

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Volta Túlio Maravilha!

A fase do meu Glorioso Botafogo não é das melhores. Historicamente, seja na vida real ou em contos de fadas, quando a coisa fica difícil é hora de entrar em ação um herói. Sim, um herói. Daqueles que fazem o coração saltar na hora H. Como a crise no Fogão é feia, daquelas de fazer o torcedor ficar preocupado com a Série B, andei lendo diversos blogs de botafoguenses espalhados pelo Brasil.

Devo confessar que concordo com o Zé Fogareiro (blogueiro oficial da torcida do Fogão). É hora de colocar um atacante de verdade no time do Botafogo. Esse seria um grande começo, já que mudanças são necessárias do goleiro ao ponta esquerda. Mas voltando ao fato de que todos clamam por um herói, a diretoria deveria resgatar um da década de 1990. Túlio Maravilha!

O homem dos 843 gols está aí, com 39 anos, matando os adversários. Estive no Serra Dourada em junho e conferi a performance do atacante. Mortal! Sim, o Túlio Maravilha marcou os três na vitória por 3 x 2 contra o América/RN. A torcida do Vila Nova delira com os gols que hoje poderiam estar sendo feitos com o manto sagrado do Fogão.

O cronista Armando Nogueira resumiu em uma única expressão o que é Túlio Maravilha. Dizia ele: “Quando ele está em campo, não existe gol anônimo”. E a torcida botafoguense está com saudade do Túlio, saudade dos seus gols decisivos, de seu faro para mudar o placar, das suas declarações imperdíveis... enfim, a torcida do Botafogo está com saudade de um ídolo de verdade.

Dizia Nelson Rodrigues: “só o jogador medíocre faz futebol de primeira”. E como não chamar os craques de todos os tempos de medíocres. Seja por sua forma de jogar, seja por sua forma de falar, seja por sua forma de “matar” a partida. Gol bonito é aquele que balança a rede. E Túlio sabe como ninguém fazer a pelota se acomodar no fundo da rede do gol adversário.

O botafoguense sabe que Túlio já não é mais tão jovem e que também não está 100% em sua condição física. Mas, o botafoguense sabe que o “artilheiro falastrão” reconhece o significado da Estrela Solitária e que se programa para fazer o milésimo gol com a camisa do alvinegro mais querido do Brasil.

Hoje, nossos jogadores não têm noção da história que carregam em seus ombros quando vestem aquela camisa. Garrinha, Gérson, Jairzinho, Maurício, Túlio... Todos eles deram valor ao Fogão e fizeram a torcida sorrir, vibrar, delirar, gritar, chorar de alegria (e não de tristeza por perdas consecutivas de títulos). Por essas e outras eu me junto ao movimento VOLTA TÚLIO MARAVILHA!

E para terminar, vale lembrar o velho e bom refrão cantado incansavelmente pela torcida botafoguense:

“Túlio Maravilha nós gostamos de você. Túlio Maravilha faz mais um pra gente ver”.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Uma turma nada imparcial

Para quem assistiu à final da Copa do Brasil reparando a locução e os comentários da dupla Kleber Machado e Falcão restou uma certeza: são corintianos. Jamais na história desse país, plagiando o nobre presidente Lula, uma transmissão foi tão tendenciosa e imparcial. De certo, a TV Globo não queria perder os telespectadores corintianos e jogou pesado contra a TV Bandeirantes, que sempre foi bairrista e torcedora aberta dos times paulistas.

Ao chegar da minha pós-graduação, percebi que o Sport já vencia por 2 a 0. O locutor Kleber Machado narrava de forma broxante os ataques do Sport e se empolgava nas investidas dos alvinegros. O Falcão, por sua vez, sempre dava as dicas para o Corinthians chegar ao tão sonhado gol do título. Não comentava que para o Sport ser campeão bastava segurar o resultado e se fizesse mais um sacramentaria o título.

Um lance, aos 43 minutos do segundo tempo, deixou a dupla louca. O atacante Acosta entrou na área e foi derrubado pelo goleiro do Sport. Na hora, uma euforia contida na cabine da Globo. Para surpresa dos dois, o árbitro nada marcou. Segue o jogo e em mais poucos minutos o Sport sagrava-se campeão. Aí que tudo ficou claro.

Já vi o Kleber narrar títulos de outros clubes e a empolgação era nítida. Ontem, pelo contrário, era uma narração formal, de protocolo, como se a torcida nordestina não merecesse tais elogios. Se fosse o Corinthians campeão eles estaria, com certeza, com link em São Paulo, conversando com o presidente do time, com o mascote, com São Jorge e tudo mais. Mas como era o Sport, apenas cumpriram o protocolo.

Para a maior emissora do Brasil e, se não me engano, a quinta do mundo, a Globo mostrou com desprezo o título inédito desse clube tão especial que é o Sport Recife. Diga-se de passagem, a mesma Rede Globo empurra há anos para o brasileiro que o Flamengo é pentacampeão brasileiro. Mentira. Em 1987, o campeão foi o mesmo Sport Recife, que disputou a Libertadores da América em 1989.

A preocupação com a imprensa bairrista é essa. E se a coisa continuar assim, logo a Globo vai empurrar a todos que o campeão da Copa do Brasil de 2008 foi o Corinthians e não o Sport. No mais, parabéns ao Sport e boa segundona ao Corinthians, que sonhou, nadou, nadou, nadou e morreu na praia.

E meu Botafogo? Bem, esse ainda teremos de ver no decorrer da Série A.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Números. Como odiá-los?

Os dias passam ligeiros. No momento em que escrevo tal crônica contabilizo 10.370 dias de vida. Ou 248.880 horas, ou ainda 14.932.800 minutos. Mais precisamente 895.968.000 segundos de “inspira e respira”. Sem falar que o número só aumenta a cada toque no teclado do meu notebook. Números curiosos, diga-se de passagem.

Como jornalista que sou, adoro números. O número deixa sua matéria redonda, ajuda na compreensão do leitor – quando bem usado –, desperta curiosidade e, acima de tudo, são exatos. Porque os números são das ciências exatas. Para quem nunca percebeu, o que gera impacto são as comparações simples feitas no dia-a-dia. Em um incêndio, por exemplo, os bombeiros dizem na maior frieza: “o fogo consumiu 450 hectares”. O que isso significa?

Pois bem, aí é que entra a graça, a mágica e a malícia que só o repórter tem. Falar para a Dona Maria, que está cozinhando em sua casa, que o fogo queimou 450 hectares é complicado. Muitas vezes as pessoas não têm idéia do que se trata. E os números, ahhh os números. Vamos a eles.

Um hectar é igual a 10.000 metros quadrados e equivale a mais um menos um campo de futebol oficial. Se foram queimados 450 hectares, podemos concluir que foram destruídos algo próximo de 450 campos de futebol por um único incêndio. Interessante, não?

Recentemente, convencemos papai de fazer um campinho de futebol na chácara. A medida proposta e aceita – incluindo campo e área de escape – está em 25 X 35. A área total gramada é de 875 metros quadrados. A área do campo é de 600 metros quadrados e equivale a um campo society.

Os números convivem conosco a cada segundo. Sem eles, não poderíamos ter noção de moeda, medidas, espaço e tempo. Não adianta lutar contra eles. É claro que algumas pessoas têm mais facilidade em lidar com números, sejam eles romanos ou arábicos. O que importa é dominá-los.

A origem da vida é medida em bilhares de séculos. Nem cientistas sabem calcular ao certo em quanto tempo o universo teve início. Esses grandes dilemas serão, um dia, decifrados pelos números. Por ora, temos de aprender a lidar com eles na simplicidade do cotidiano. Um dia após o outro, uma pedra depois outra, um algarismo seguido do outro... aonde vamos parar com tudo isso?

Enquanto não decifro sequer o que está ao meu redor, sei que envelheci 15 minutos, mais exatamente 900 segundos fazendo esse texto. Aos que perderam uns 180 segundos lendo essa maravilha, parabéns. Agora, estamos pensando por alguns segundos na mesma coisa: números.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Spam, maldito spam

O problema de ser jornalista é a vasta lista de e-mails que seu e-mail freqüenta. E você recebe milhares de mensagens de ajuda aos meninos da África, clamando por orações para quem te enviou a mensagem, pedindo dinheiro para salvar o menino que nasceu sem cérebro em algum lugar do mundo e, claro, aqueles que esculhambam a opção sexual do Ronaldo Gorduxo.

Além dessa baboseira toda, que você simplesmente não consegue filtrar, ainda tem os chatos, repugnantes e horrendos spam. Nesse exato momento, tenho 147 spam na minha caixa de e-mail do gmail e outros 100 no hotmail. É inacreditável como seu endereço circula pela web sem que você tenha idéia. O que mais impressiona é que a esmagadora maioria é de endereços estrangeiros, de sites que nunca entrei e jamais tinha conhecimento do endereço.

Onde eles capturam nossos e-mails? Fácil. Você tem Orkut, MSN, Google Talk ou qualquer outra coisa parecida? Pois bem, eis aí as tetas distribuidoras do meu, do seu, dos nossos e-mails. Um amigo meu que trabalha com internet há mais de 15 anos tem uma teoria que, definitivamente, começo a acreditar. Segundo Renato Medeiros, a empresa Google é coisa da CIA – a agência de inteligência dos EUA.

Como armazenar tantos dados em um universo on-line? Para que armazenar esses dados? Um novo programa da empresa deve estar disponível em breve. Ele, segundo revistas especializadas, vai oferecer uma memória virtual para que o usuário não tenha que usar o disco rígido do seu computador. Em outras palavras, você poderá armazenar tudo o que hoje fica em seu computador na internet. E que segurança você terá disso? Não sei.

O Orkut, site de relacionamento da Google, é divertido. Tirando as vezes que ele estraga casamentos, noivados e namoros por causa de ciúme doentio do ser humano, é divertido. Mas praticamente tudo o que circula nele é público. Hoje, o público no mundo virtual se confunde com o privado. Nesse blog mesmo posto algumas coisas pessoais que desejo torná-las públicas. Mas em muitos casos isso não é respeitado. A invasão de privacidade, infelizmente, é algo rotineiro na internet.

Quem acha que não tem sua privacidade invadida diga-me, por favor, que nunca recebeu um spam. Claro. O spam é a forma mais clara de se perceber que na rede a privacidade é algo frágil. Se hoje tenho mais de 200 e-mails de pessoas ou empresas que nunca conheci, quer dizer que alguém pegou meus dados em algum lugar sem que eu autorizasse. O spam, meus amigos, é a coisa mais chata e curiosa da web. Pode-se dizer, por exemplo, que funciona como um ser que quer a qualquer custo ser notado nessa imensidão chamada internet.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

De Biriba a Perivaldo

As superstições e tradições são coisas sagradas no futebol. Qual o torcedor que nunca teve lá sua mandinga para ver seu time vitorioso? Pode ser uma camisa, um gesto, um olhar, uma prece... enfim, quem nunca acreditou que o sobrenatural está diretamente relacionado ao mágico e ao real dentro dos gramados?

O meu glorioso Botafogo talvez seja o time mais supersticioso do Brasil. O velho lobo Zagallo, dono de um currículo invejável dentro do alvinegro, tem tara pelo número 13. Nelson Rodrigues certa vez escreveu uma crônica chamada “O Deus de Carlito Rocha” – dirigente do Botafogo na década de 40. Na ocasião, Carlito envocara o "seu deus" para um conflito contra o Fluminense. Resultado: Botafogo 3 x 1 Fluminense.

Ao que parece, o Botafogo está prestes a ganhar um título importante. E por que digo isso? Simplesmente porque sinto firmeza como em 1995, quando a Estrela Solitária levou o título do Brasileirão. E dando continuidade ao sobrenatural, temos hoje o cachorro Perivaldo, da raça beagle. O nobre cãozinho, que nasceu com uma estrela branca bem definida em sua mancha negra no pêlo, é o mais novo amuleto do alvinegro e entrará em campo com os jogadores no Engenhão.

Não é a primeira vez que o Fogão tem lá seu amuleto. Na época de Carlito Rocha, Biriba, vira-lata pertencente ao zagueiro Macaé, foi alçado ao posto e deu muita sorte. Não eram raras as vezes em que o cachorro entrava em campo no meio das partidas para dar sorte à equipe.

E para quem não acredita no sobrenatural, como explicar a estrela solitária nas costas do querido Perivaldo? De Biriba a Perivaldo, o deus do futebol revela-se de formas inusitadas.
Perivaldo assume a vaga de Biriba como amuleto do Botafogo

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Mané Garrincha, alegria do povo

Aos meus cinco leitores, publico hoje uma crônica espetacular do mestre Nelson Rodrigues. Esse texto fez muito sucesso na época de ouro do futebol brasileiro e até hoje desperta grande interessa da comunidade boleira do Brasil.

Garrincha, o anjo de pernas tortas
Nelson Rodrigues

Vocês se lembram de Charles Claplin, em Luzes da Ribalta, fazendo número das pulgas adestradas? Pois bem, Mané deu-nos um alto momento chaplinhano. E o efeito foi uma bomba.

Na primeira bola que recebeu já o povo começou a rir. Aí é que está o milagre. O povo ria antes da jogada, da graça, da pirueta. Ria adivinhando que Garrincha ia fazer a sua grande área como na ópera. Como se sabe só o jogador medíocre faz futebol de primeira. O craque, o virtuoso, o estilista prende a bola. Sim, ele cultiva a bola como uma orquídea de luxo.

Foi uma das jogadas mais histriônicas de toda a vida de Mané. Primeiro pulou por cima da bola. Fez que ia, mas não foi. Pula pra lá, pra cá. Com a delirante agilidade de 58. Lá estava a bola imóvel, impassível, submissa ao gênio. E garrincha só faltou plantar bananeiras.

Esse rapaz da raiz da serra compensou-nos de todas as nossas humilhações pessoais e coletivas. Vocês sabem que do nosso lábio sempre pendeu a baba elásticas e bobina da humildade. De 58 a 62, o mais indigente dos brasileiros pode tecer a sua fantasia de onipotência.

E por tudo isso, as multidões – sem que ninguém pedisse ou sem que ninguém lembrasse –, as massas derrubaram os portões e oferecerem a Mané Garrincha uma festa de amor como não houve igual nunca, assim na terra como no céu.

Garrincha nunca teve marcação e chamava seus adversários de João

domingo, 11 de maio de 2008

Conversão ao samba de raiz

“Quem não gosta de samba bom sujeito não é.
É ruim da cabeça ou doente do pé”.
Alcione

Os versos cantados pela eterna Alcione são uma verdade quase que incontestável. Doente da cabeça ou do pé. Mesmo assim ainda estou em dúvida sobre a chamada. No Rio, tudo se transforma em samba. Isso não é novidade para ninguém. Após uma viagem corrida, meu amigo Rogério percebeu o quanto o carioca adora o samba. Definitivamente, ele respirou samba mais de 24 horas seguidas.

Chegamos em Botafogo por volta das 14h. O Goiaba já curtia um DVD show (Rio 88: live in concert), que mostra imagens únicas da Cidade Maravilhosa ao som de samba e bossa nova. Perfeito! Naquele momento, Rogério não imaginou que viveria, talvez, sua maior experiência de vida no seio do samba.

Carioca da Gema: lotado, animado e simplesmente apaixonante

Saímos para almoçar e depois tomar uma cerveja no clube Guanabara. Goiaba foi jogar futebol e nós voltamos para o apartamento. Tudo certo. No início da noite, nos preparamos para uma boa balada. O local escolhido? A Lapa. O bar? Carioca da Gema. E advinham o que toca por lá... samba. Mais que samba, samba de raiz, da melhor qualidade.

Encontramos o Bruno Gomes – amigo do Goiaba – na parada de ônibus e partimos para a Lapa. As brincadeiras com o Rogério começaram ali. Todos diziam: “você já deve estar enjoado de tanto samba” ou “advinha aonde vamos e o que toca lá”. Era uma curtição total.

Até aquele momento o nosso amigo Jonny Bravo não tinha reclamado de nada. No Carioca da Gema funciona assim. As pessoas entram até às 23h. Depois desse horário, quem não entrou não entra mais. O local, um pub muito aconchegante, fica superlotado e qualquer fiscalização fecharia fácil aquele bar.

Ficamos na parte de cima tomando um chope bom. Depois, decidimos descer e aproveitar um pouco a boa música que tocava. Foi uma decisão suspeita. Como o local estava lotado e não havia espaço para caminhar, os garçons passavam empurrando e tirando nossa atenção sempre. Muito ruim. Mas continuamos até às 3h.

Voltamos para Botafogo. Acordamos por volta das 11h e já nos aprontávamos para outro samba. Esse, sem dúvida, mais atraente e mais ‘responsa’ que o da noite anterior na Lapa. Ao meio-dia saímos para pegar o trem na Central do Brasil e bater em Madureira. Tínhamos um único destino: Portela.

Chegamos para uma feijoada animada, cheia de sambistas da velha-guarda da escola e muita gente animada. Ah, não é preciso dizer que o que se tocou das 13h às 20h, quando decidimos ir embora, foi samba. E o Rogério, antes de chegar na quadra, queria voltar para ir até Ipanema pegar sol.

Já no local, Rogério, Goiaba e Gomes começaram a beber aquela gelada. Eu fiquei de fora porque ainda estava com os drinks da Lapa na cabeça. Bola pra frente. Nesse momento, Rogério esqueceu da praia e começou a prestar atenção em algumas passistas da Portela que começavam a animar o samba na quadra.

Só sei de uma única coisa. Quem não animava com samba no início da viagem já estava parecendo um sambista na quadra da Portela. Era um sorriso pra lá, outro pra cá e alguns passos ensaiando um sambinha tímido em meio a multidão. O Rogério parecia mais um carioca no meio de tantos. Tinha esquecido do sol que fazia e só queria dançar.

O samba contagiou a alma Jonny Bravo dele. O topete mexia de acordo com o ritmo que tocava. Quando o puxador do samba-enredo da escola soltou o grito: “Alô família azul e branco. Salve a Portela”.

“Segue os passos do criador. Vai minha águia gerreira.
Leva essa mensagem de amor de Osvaldo Cruz e Madureira”.

A quadra foi abaixo e o Rogério, que teve seu maior intensivão de samba de sua vida, não perdeu tempo e foi com ela. O resumo da ópera é simples. Na volta para Brasília, meu nobre amigo cantava baixinho os versos que decorara em poucos dias de convivência com o samba.

E, talvez por isso, iniciei duvidando dos versos de Alcione. Rogério, camarada que conheço há mais de 25 anos, não é ruim da cabeça e nem do pé, mas mesmo assim não gostava tanto de samba. Agora, depois da Portela, não vejo motivos para não acreditar que sua conversão tenha sido da forma mais tênue possível. Salve, salve o novo sambista.

Vai minha águia guerreira

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Homenagem ao Flamengo

Ontem foi um dia muito corrido e passou batida a eliminação do Flamengo da Copa Libertadores. Mas, com um dia de atraso, faço minha homenagem aos jogadores (moças) que fizeram o impossível tornar possível e o milagre acontecer. E, como boas bonecas, derramaram lágrimas de arrependimento após abrirem as penas sem pudor para o América do México.
Canta Flamengo: E ninguém cala esse chororô.
E a despedida de Joel, que tanto se comentou como salvador: “Burro! Burro! Burro!”. Eita futebol ingrato. O cara tira o Flamengo da zona de rebaixamento do Brasileirão 2007 e escuta isso agora. Sem comentários.


E continuam as homenagens ao grande treinador Joel "Socana".


Canta urubuzada!

"Tu és time de fanfarrão,
No Maraca envergonhou a nação,
Adeus, Mengo!
Eu nunca vou me esquecer,
Cabañas acabou com você,
Oh meu Mengo"


quarta-feira, 7 de maio de 2008

Experiência espiritual esportiva

Meus amigos, hoje completa um mês que não posto nada nesse espaço humilde e singelo. Pois bem, devo salientar os motivos que me levaram a “abandonar” meus escritos. Em primeiro lugar, a falta de tempo para parar e apenas escrever. Em segundo, e último lugar, simplesmente a falta de assunto, pois meus dias se resumiram em trabalho.

Mas tudo bem, agora estou na ativa novamente e com alguns episódios engraçados que me aconteceram no Rio de Janeiro, quando fui ver a grande final do Campeonato Carioca. Já que mencionei tal desgraça (o Botafogo perdeu para o Flamengo), melhor começar um isso.

O inferno de Éderson
O dia amanheceu nublado, com pouca possibilidade de sol na Cidade Maravilhosa. Pela fresta da persiana, olhei para o céu e pedi a Deus para que o dia 4 de maio fosse o dia da Estrela Solitária. Minhas orações, devoções e invocações estavam todas voltadas para um único propósito: Botafogo.

Nada de café da manhã. O melhor mesmo foi acordar os amigos e partir rumo ao Maracanã. O relógio marcava 10h40 quando saímos da rua 19 de Fevereiro, no bairro de Botafogo. Antes, porém, resolvemos passar em Ipanema e Copacabana para ver o mar. Decisão que quase nos custou a entrada no maior estádio do mundo. Sem sol, meus pés nem sentiram a areia da praia e muito menos a água salgada e gelada do Atlântico.

Decidimos, então, seguir viagem rumo ao colossal. Saímos às 12h e por volta das 13h descíamos nas proximidades do Maracanã. Veio o inferno. A primeira visão foi assustadora. Milhares, eu disse milhares, de torcedores do Flamengo nos recepcionaram sem muita cortesia. Decisão sábia do Goiaba quando disse para não irmos vestidos com a camisa do Fogão. Era tanto flamenguista que comecei a me sentir mal. Um aperto no coração era o prenúncio de horas ainda piores pela frente.

Era hora de achar um cambista para comprar o ingresso. Durante a semana, as vendas foram feitas em poucas horas e ficamos sem nada. Veio então a segunda visão. Um amigo do Goiaba, que é integrante da Raça Fla, disse que poderia arrumar três ingressos para nós. Andamos até chegar a uma das entradas do estádio. Quando menos percebi, estava no ninho rubro-negro perguntando quem tinha ingresso para vender. Não conseguimos nada.

O sofrimento, segundo a Bíblia, é um dos castigos eternos para as almas condenadas. Pois bem, as pernas começaram a doer quando acabamos de dar a primeira volta no estádio procurando por entradas para o jogo. A dor das pernas só perdia para os pés – castigados por poças de urina nas calçadas.

Durante a primeira volta, me perguntei: onde está a torcida do Botafogo? Encontrei. Em número reduzido, os alvi-negros ocupavam a entrada da rampa do Maracanã. Foi o céu. Alívio que Deus nos proporcionou em meio ao inferno rubro-negro que há mais de uma hora me atormentava. Mas foram poucos minutos até a porta se fechar novamente e o inferno pegar fogo.

Veio então a terceira visão. A pior de todas naquele momento. Um cambista estava apanhando muito de torcedores do Flamengo. Pareciam querer-lhe tomar os ingressos. Desanimador para quem procurava por uma entrada há horas. A polícia interveio e tudo ficou resolvido. Como foram feitas entradas falsificadas, a PM colocou policiais à paisana e todo cambista estava com medo de negociar. Bizarro!

Eu estava me sentindo contrabandista, quando tive a quarta visão. Chegava perto de um senhor que parecia cambista e perguntava baixinho: “Tem ingresso aí?” A resposta era sempre negativa. Ninguém queria se arriscar. Até que uma hora o Goiaba encontrou um cara que poderia ter alguma coisa. Nos chamou e começamos a perseguir o camarada. Onde ele ia a gente ia atrás.

De repente, ele tirou dois ingressos do bolso e começou a negociar com um flamenguista, que falava com outro ao telefone. Foi a deixa. “Eu compro”, gritei ao seu lado. O cara estava cobrando R$ 100 por cada entrada. Precisávamos de três. O cambista me disse que estava negociando com o cara e saiu em direção ao outro flamenguista. O Rogério não perdeu tempo e gritou: “Eu quero os dois, cada um por R$ 100”. O cara parou e quando viu uma nota de R$ 100 e duas de R$ 50 não vacilou. Em poucas palavras ele disse ao flamenguista: “Já estou com o dinheiro”.

Era hora de arrumar outra entrada para o Goiaba. Veio a quinta visão. Um mar de flamenguistas desesperados para comprar um ingresso. Por sorte, não demoramos muito a arrumar outro ingresso. Entramos no estádio faltando apenas 10 minutos para começar a partida.

A sexta visão fez meu coração tremer e clamar a Deus por misericórdia. Entre os 84 mil presentes no Maracanã, creio que 75% eram flamenguistas. Ou seja, se fosse uma guerra era mais ou menos 3 por 1. Mas Deus é amor e no seu infinito amor nos deu mais um momento de refrigério. Gol do Botafogo no primeiro tempo e muita gritaria. Pela primeira vez vi que a minoria pode calar a maioria.

Passado o primeiro tempo veio a sétima e última visão do inferno rubro-negro. Logo no início, o Flamengo empatou. Foram despertados os demônios mais fortes das trevas. Não adiantava mais gritar. Era o mesmo que gritar e nem ouvir sua própria voz. Mais perto do fim da partida, o Flamengo virou e antes que voltasse a marcar eu já estava dentro do ônibus voltando para Botafogo.

Essa foi minha maior experiência espiritual esportiva. Como dizia Nelson Rodrigues: “O brasileiro não existe sem a sua medalhinha de pescoço e, até aí, não se pode negar, todos nós temos lá nossas crenças e mandingas para fazer do nosso time o vencedor de todas as batalhas”.

Mas naquele dia, nenhuma medalhinha de pescoço, nenhuma oração, nenhum santo, nem ninguém, nem Deus foi capaz de conter o Flamengo. Foi então que acordei no dia seguinte como São Dom Bosco, que conta a história, visitou o inferno acompanhado de um anjo e teve sete visões.
Nem Deus foi capaz de fazer a Estrela Solitária brilhar

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Brasília, como outra qualquer

Cada dia mais Brasília se tornar uma capital como outra qualquer. Claro, o projeto único do urbanista Lucio Costa e os traços inconfundíveis do arquiteto Oscar Niemeyer continuam perceptíveis e, graças ao esforço da sociedade, reconhecidos internacionalmente. Mas os problemas das grandes metrópoles avançam e o Estado tenta, sem sucesso, conter esse avanço.

O episódio mais recente que presenciei foi a extorsão no gramado em frente ao Arena, no Setor de Clubes Sul. A presença de bandidos disfarçados de flanelinhas no Plano Piloto não é novidade. O que realmente está incomodando é que a atuação deles, sempre em grupos, está cada vez mais para crime organizado.

No último sábado, saí para um show no local e antes de estacionar um desses flanelinhas me indicou uma vaga, bem no escuro. Eu fiz que não queria estacionar ali e fui parar em outro canto do gramado, pois no Arena também não há vagas para todos os veículos. O flanelinha me seguiu e quando eu parei o carro e abri a porta ele me disse:

- Aí mesmo patrão. Aqui a gente tem uma equipe (quadrilha) de 15 vigias. Cobramos R$ 2 na entrada e R$ 2 na saída.
Eu respondi:
- Não mesmo.
E ele me ameaçou:
- A estacionamento aqui é muito perigoso, doutor.

Eu simplesmente fechei a porta e saí. Imagina, o que torna o estacionamento perigoso é a presença dessa quadrilha, que vem cobrando dinheiro em todos os estacionamentos públicos do Distrito Federal. Um absurdo.

Quando digo que Brasília se torna uma cidade como outra qualquer em menos de 50 anos podem pensar que estou exagerando. Mas, em 26 anos que moro na capital, foi a primeira vez que um bandido me abordou em um estacionamento público cobrando por uma área que não é dele.

O mais interessante é que a 500 metros do local, três viaturas da Polícia Militar estavam paradas em um tremendo deserto. Por essas e outras, a segurança m Brasília é tão criticada e aguardada pela sociedade. O que não podemos deixar é que esses flanelinhas tomem conta da cidade. No Arena, centenas de carros pagaram adiantado R$ 2 a essa quadrilha. Se todos se recusassem e chamassem a polícia, os bandidos corriam do local.

A sociedade precisa dar a resposta ao crime organizado que se forma em Brasília. Não é só a omissão do Estado que causa isso. Se as pessoas continuarem a pagar para deixar seu carro em uma grama qualquer, amanhã pagarão para caminhar pelas calçadas. Basta de tanta omissão por parte de todos.

sábado, 29 de março de 2008

A supresa que o vento trouxe

Um dia a gente chora, no outro a gente ri. O vento sopra onde quer e você apenas ouve seu barulho. Mas, no entanto, não sabe de onde vem e nem para onde vai. Estive na inauguração do Shopping Iguatemi Brasília e conheci a encantadora Mariana Ximenes. Figura dócil, de palavras singelas e voz meiga. Não à toa faz tanto sucesso. Como diz o velho trecho bíblico, o vento sopra e nesse sopro surgiu um encontro inesperado. O dia de amanhã? Ah, o dia de amanhã tem suas próprias preocupações... Claro, o amigo fotógrafo Gerdan Wesley fez a bela foto que se segue.
Encontros e desencontros em Brasília

quarta-feira, 26 de março de 2008

Dias difíceis

Dias complicados e incertos. Às vezes, parece que o mundo conspira contra a sua vida. A correria do trabalho, as ciladas propostas pelas circunstâncias, as emboscadas das incertezas. Tudo parece existir e se revelar ao mesmo tempo. Não. Não estou reclamando da agitação diária. Glória a Deus pela minha vida.

O que pretendo expressar é o cansaço e as decepções com atitudes de camaradas que outrora se portavam como companheiros de longa data. O que preciso é de um retiro na velha e boa Chácara São Francisco. Mas, pelas circunstâncias trabalhistas, só passarei por lá depois do dia 21 de abril, data em que Brasília completa 48 anos. A festa está sendo organizada pelo vice-governador Paulo Octávio e, por isso, meu trabalho e da Bruna está intenso.

Tentarei atualizar o blog sempre que possível para os meus seis leitores. No mais, com diria Antônio Conselheiro, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 11 de março de 2008

Brasília, doce Brasília

Não é todo dia que a gente se anima em jogar uma pelada às 23h. Pois bem, nesta segunda-feira fui tentado pelo nobre jornalista Leandro Galvão (Timbú), que me intimou para algumas partidas com os camaradas no Arena (Setor de Clubes Sul). Após pensar diversas vezes, saí para o local às 22h15.

Corri, mas não foi o suficiente. Bati no lugar errado. Quando cheguei ao Celva (Cruzeiro), que fica a uns 7 km do Arena, vi a besteira que tinha feito. Tudo bem, corri e cheguei a tempo de entrar na primeira partida. Não foi contar muito da pelada, mas saibam que fiz três gols e saí satisfeito à 0h40.

O que realmente quero comentar é a minha volta solitária para casa. Mais solitário que um vilão de filme mexicano, decidi fazer um tour pela minha nobre Brasília. Ao som de Legião Urbana – nada melhor para refletir Braília –, subi pela avenida L4 Norte e retornei para pegar o Eixo Monumental, cumprindo parte do trajeto que o presidente da República faz quando sai do Palácio da Alvorada para o Palácio do Planalto.

Quando tomei o Eixo Monumental, uma leve neblina encobria o mastro da Bandeira Nacional e parte do anexo 1 do Congresso Nacional (o prédio em forma de H), por volta de 1h. O silêncio, quebrado só pelo som do carro, nada parecia com o agitado fluxo de veículos dos dias de semana.

Subi e ao passar entre o Palácio do Planalto e a grande praça que fica em frente, percebi o quanto perdemos por falta de iluminação. O Palácio estava lindo, mas a praça escura não deixava enxergar nem o monumento dos Dois Candangos. Só do outro lado era possível ver o prédio do Supremo Tribunal Federal.

Continuei meu trajeto e subi pela Esplanada dos Ministérios, passando antes pelas cúpulas do Senado e da Câmara dos Deputados. Pelo menos naquela hora do dia não havia negociatas e nem espertezas por parte daqueles que se dizem representantes do povo. Estava o prédio ali, vazio, esperando pelo grito de uma Nação. A leve neblina parecia querer ocultar algo, mas deixei a Legião tocar mais alto e segui adiante.

Passei por diversos Ministérios, sempre pensando nas mazelas dos políticos que desviam milhões de reais desses gabinetes, que ao mesmo tempo em que tão perto, tão longe de qualquer cidadão. O acesso é praticamente impossível a um mero mortal. Como jornalista já tive acesso a vários deles, mas como cidadão nunca me aproximei. Não que o jornalista não é cidadão, mas a verdade é que os políticos têm uma relação de amor e ódio pela imprensa e isso faz de nós pessoas diferentes. Eles nos convidam quando pertinente e nos expulsão quando não querem nossa presença. Lamentável.

Depois de quase 5 minutos dirigindo entre os Poderes, virei para a querida L2 Norte e segui mais uns 5km até minha casa. Fiquei com vontade de parar no caminho e patinar. Poderia ter feito isso na grande calçada do Museu Nacional e da Biblioteca Nacional, mas vai ficar para a próxima. Estava cansado e o dia começaria às 6h, quando teria de trabalhar no site Minas em Brasília. A vida é assim mesmo. Aproveite ao máximo e nunca menospreze as coisas que estão perto de ti. Podes não dar valor porque elas parecem cotidianas. Mas curtir uma simples volta para casa em Brasília é algo que me alegra e me faz sentir amor por essa cidade, taxada como casa de corruptos e outras mazelas.

Mas, vale lembrar, a Câmara tem 513 deputados e só oito são do Distrito Federal. Dos 81 senadores, apenas três são do DF. Dos cinco presidentes que o Brasil teve após a redemocratização, na década de 1980, nenhum é do DF. De onde vêm, então, os corruptos brasileiros?

sábado, 1 de março de 2008

Suor e amor pela chácara

A união faz a força. Quando a coisa está na cabeça é muito mais fácil. Na hora de colocar as idéias em prática, muita coisa é diferente. Imaginávamos um campo de futebol bom o suficiente para receber amigos na chácara do papai. Muito trabalho e hoje a paisagem é outra.

Não fiquem pensando que jornalista só trabalha com letras e apuração. Tio Ratinho me chama de fofoqueiro até hoje. Diz ele que tirei licença para falar da vida alheia.

Poderia, ao lado do meu irmão, só ficar olhando o trabalho ser feito. Mas nós, como filhos legítimos do senhor Lázaro Marques, não suportaríamos o tédio. Por isso, as mãos ficam calejadas sempre que podem.

Vergonha? Nada. Orgulho. Sim, orgulho de não fugir nunca da raia. De encarar a vida, seja nos momentos fáceis ou difíceis. Ensinamento passado de pai para filho por muitas gerações em nossa família. Não há tempo ruim. Para nós sempre é tempo de se trabalhar. Até porque o trabalho dignifica o homem.

O campo está saindo. Acredito que no início de junho estaremos colhendo o que plantamos hoje ao lado dos nossos amigos. A ajuda de cada um - Tio Adão, Josemir, Domingos, Rogério, Matheus, Donizeth, Tio João, Marcos Aurélio, mamãe Lazinha, Danilo e Neide - faz com que tenhamos mais forças.

Aos meus seis leitores, fica o convite para conhecer um pequeno pedaço do céu chamado Chácara São Francisco, a 100 km da capital da República Federativa do Brasil.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O urso e sua presa

O blogueiro passa por momentos de correria no trabalho e, por isso, não atualizou a página nos últimos dias. Para não deixar um espaço vazio aos meus seis leitores, publico esta foto surpreendente da mãe natureza. É a velha e boa cadeia alimentar.

Que precisão na Hora "H"

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Vai minha águia guerreira

Sem exagero algum. Samba como o que ouvi e vi na Marquês da Sapucaí não tem igual no mundo. A festa é marcante, deslumbrante e, acima de tudo, empolgante. O carioca pode se vangloriar do carnaval que tem. O Brasil deve se orgulhar desse ritmo. Sempre fui crítico do carnaval brasileiro pelo fato de que as escolas de samba, nas décadas de 80 e 90, mostravam muito nudismo. Não sou hipócrita, mas acho que criar filhos com o que se mostra na TV é um desafio.

Carro abre-alas da Portela. "Vai minha águia guerreira".

As regras do carnaval no Rio mudaram. A escola que desfilar com um membro sequer com as partes íntimas de fora perde 0,5 ponto na apuração. Vale lembrar que em 2006 a Beija-Flor venceu o carnaval com apenas 0,1 ponto de diferença da Grande Rio. Esse ano foi com mais folga.

Aí, com meus pensamentos sobre o carnaval, bati na Sapucaí no domingo para ver São Clemente, Porto da Pedra, Portela, Salgueiro, Mangueira e Viradouro. Para minha alegria o que vi foi a maior festa popular do mundo ocorrer diante dos meus olhos. Milhares de pessoas em um mesmo local para escutar, cantar, dançar, espiar, aplaudir, vaiar...

Mas antes de chegar à Sapucaí vale um comentário. Putz! Como andamos para ter acesso ao setor 13 (popular). Descemos na estação do metrô da Central do Brasil. De lá, acho que caminhamos uns 3 km até chegar ao local estabelecido pelo ingresso. Além da andança, os esbarrões nos foliões eram inevitáveis. Uma passarela leva o folião até os acessos da Sapucaí. Nessa passarela – como aquelas que se tem sobre vias – o agito é total.

O que se escuta são carros tocando o samba enredo das escolas. Não se fala em mais nada. Os cochichos e os comentários são de que este ano não haveria fraude no carnaval do Rio. Em 2006, houve suspeita de que a Beija-Flor teria comprado jurados e, por isso, havia levado o titulo. Tudo bem, bola pra frente.

O preço por ingresso para o setor 13 foi de R$ 20. Em setores como o 5, 7 e 9, os ingressos começa a ser vendidos por R$ 300. Os cambistas estavam vendendo na hora por R$ 450. E a festa é a mesma.

Entramos antes que a São Clemente começasse a desfilar. Outro grande assalto que senti no bolso - além do cobrador que me levou R$ 0,80 no primeiro dia - foi o preço da cerveja dentro da Sapucaí. Enquanto Goiaba e eu comprávamos duas Skol por R$ 2,00 do lado de fora, dentro pagamos R$ 3,50 por unidade da NovaSchin. Meus Deus! Hoje, em Brasília, admito minha burrice. Nossa, R$ 3,50 em uma Schin. Onde tava com a cabeça?

Não sei. Mas sei que tinha gringo para toda parte que olhava. Uma, cheia de caipirinha na cabeça, parecia que estava louca, deslumbrada com tudo. Estava vestida com uma roupa feita por ela mesmo com uma bandeira do Brasil e sandálias também com as cores brasileiras. Parecia que estava realizando um sonho de infância. De tão louca, se deixou fotografar e ainda saiu contando vantagem para os amigos.

Desfile de escola de samba, para quem nunca viu na Sapucaí, parece tudo igual. As escolas, as baterias... o que muda, na TV, são as cores, as fantasias e os carros-alegóricos. Que nada, na Sapucaí se percebe tudo. A São Clemente, que foi a primeira a desfilar, fez uma apresentação fraca. Goiaba, bom entendedor da coisa, disse-me:

- Não sei se você vai ver a campeã do carnaval, mas a que vai rebaixar você está vendo agora.

Dito e feito. São Clemente rebaixou e, de fato, não vi a campeã Beija-Flor, que passou pela avenida na segunda-feira (neste dia, estávamos mortos e ficamos em casa vendo pela TV).

Com dizia, na Sapucaí tudo é diferente. Lá, você consegue distinguir o bom do ruim. A Portela estava linda e, por isso, foi tida como uma das candidatas ao título. A bateria da Viradouro dá show. Impossível ficar parado. Salgueiro foi demais com o samba sobre o próprio Rio e o carioca. Mangueira também é boa, mas não fez um bom desfile e mereceu o 10° lugar.

A chuva não deu trégua. Sorte a gente ter comprado as capas de chuvas e não ter tomado aquela técnica comercial do carioca. Ficamos secos a noite toda. Só com os tênis um pouco molhados, mas nada que atrapalhasse a festa.

Michelle não resistiu a todos os desfiles. Na hora da Viradouro, que terminou por volta das 6h30, ela já dormia. Mas estava um pouco gripada e isso derruba qualquer um. Foi guerreira em não chamar para ir embora antes do fim.

Na hora de voltar para casa, mais caminhada. Desta vez pior, pois estávamos exaustos. Posso dizer uma coisa. Enquanto as escolas estão desfilando, não há cansaço. No entanto, quando a bateria da última escola pára de tocar, parece que o mundo cai sobre sua cabeça. É algo indescritível.

Pegamos o metrô, mais uma vez na Central do Brasil, com o dia ainda escuro. Um cara dormiu em pé de tão cansado que estava. Figura demais. Quando descemos em Botafogo e saímos da estação, já estava claro. O sonho de ter uma cama quentinha, após uma noite de chuva, se tornara realidade. O despertar ficou para às 15h, quando fomos ao Pão de Açúcar. Mas essa é outra história.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O pecado da gula - socorro

Dizem os filósofos que um dos maiores prazeres do homem é comer. Sim. Aperfeiçoar o paladar, apreciar um bom tempero, passar horas degustando sabores... enfim, comer é realmente muito bom. O que impressiona é a capacidade do homem em não parar de comer. Não é por acaso que a gula é um dos sete pecados capitais. No decorrer da história, temos exemplos de que desde o início o homem busca pelo sabor e pela quantidade.

Os gregos, por exemplo, promoviam banquetes que duravam dias. A prática para agüentar tanto tempo comendo é melhor não ser mencionada neste humilde espaço.

Mas, apesar de toda modernidade, o homem ainda é atraído pelos sabores maravilhosos impostos pelos bons temperos. Em uma visita à Barra da Tijuca, paramos para almoçar na Galeria Gourmet. Da mesma rede das Churrascarias Porcão, o espaço é uma tentação. A começar pela entrada, onde são armadas mesas com diversas opções que agradam a todos, sem exageros.

O esquema é simples, você paga pelo buffet (R$ 30) e come até agüentar. Entramos, digamos, varados de fome. A gente acordou em Botafogo, por volta das 9h, e comemos um singelo cereal. Saímos para passear e só paramos para almoçar às 13h40. resultado: a seguir.

Após arrumar uma mesa, resolvi ir ao banheiro. Para minha surpresa, o espaço reservado ficava nas profundezas do restaurante. Desci duas escadas até chegar a um lugar frio e silencioso. O meu medo era achar um corpo no local, como em filmes hollyoodianos. Não encontrei nada, só um banheiro super limpo e agradável. Subi e já tinha gente degustando uma boa picanha em nossa mesa.

Michelle e eu fomos, então, nos servir. Não sabia por onde começar. “É muita coisa”, comentei com ela. Na primeira rodada, peguei arroz a piemontesa, picanha, fritas, bolinho de bacalhau e um pouco de molho madeira. Maravilhoso! Após “degustar” tais aperitivos, parti para um bom salmão, acompanhado de arroz a piemontesa, molho de macarujá e frango empanado. Divino! A essa altura, Renata e Michelle estavam pedindo a sobremesa, mas Goiaba e eu resistimos bravamente.

Na terceira rodada, pizza. Goiaba olhou para mim e disparou:

- Bichona. Tanta coisa para comer e você me aparece com pizza. Muito bicha.

Ignorei. Afinal de contas sou louco por pizza como as Tartarugas Ninjas. Massa para dentro. Aí resolvemos dar uma de ignorante e partimos para mais um rond. Na quarta rodada, escolhi algo mais leve – a essa altura já não agüentava mais ficar na postura correta. O escolhido foi arroz à piemontesa, picanha e canelone, seguido por molho de maracujá. Ah, nesse prato também tinha um pedaço de salmão.

Todos olhando espantados para mim e me senti com vergonha. Mas como quem está na chuva é para se molhar, resolvi encarar o majestoso cardápio. Tudo para dentro, era hora da sobremesa. Nada melhor que um pudim de leite. Pedi então e encerrei os trabalhos. A essa altura, já se aproximava das 17h. Ao todo, ficamos praticamente três horas comendo. Um dia para não se esquecer. A única lamentação é que em Brasília não temos essa tipo de serviço à disposição.

Ep. 2 - Um plano infalível

 Não demorou muito e precisei deixar a casa dos meus pais. Não sabia para onde ir ou a quem recorrer. Certo era que voltar a morar com eles ...