quarta-feira, 26 de abril de 2017

Em busca de mim mesmo

Tenho certeza que você já passou por isso. E se não passou, talvez pela sua pouca idade, ainda passará. Chega um momento que tudo parece simplesmente parar. Sim. Parar. Chegamos a um ponto que a tudo questionamos: trabalho, profissão, religião, vida... Será que fiz certo até aqui? Quais as possibilidades daqui para frente? Alguns chamam isso de crise dos 30, dos 35, dos 40... E por aí vai. Eu simplesmente chamo a isso de “busca do autoconhecimento”. E é nessa hora que você prova você mesmo.


Eu pensava estar com a vida encaminhada, como dizem e esperam sempre meus pais. Formado, pós-graduado, empresário com contratos razoáveis, casado com uma bela mulher e bons amigos ao redor. Estava com 36 anos de idade e, o normal naquele momento, era buscar apenas maior conforto para o resto da vida. Tudo parecia “encaminhado”. Mas as coisas mudaram rapidamente. E absurdamente rápidas.

A primeira coisa a desandar foi os contratos que meu sócio e eu tínhamos. Os atrasos repentinos nos pagamentos inviabilizaram outros projetos que tentávamos fazer andar. Demitimos funcionários e nos viramos como dava. A grana ficou bem curta. Em seguida, veio minha separação. Essa, sim, me jogou no chão. Não esperava. Simplesmente aconteceu de uma maneira também rápida. Não desejo isso para ninguém. “Ninguém nunca está preparado para isso, Dengo. E ninguém sai ileso de uma separação”, me disse, à época, um grande amigo e irmão.

A partir daí, os dias já não mais eram vividos, apenas passavam de maneira sem graça. As pessoas perguntavam a todo o momento o que estava acontecendo. Eu evitava esse tipo de conversa, sempre. Deixei de frequentar festas de família, casamentos de amigos e até encontros em barzinhos. Era tudo muito sem graça. Mas, por outro lado, era forte em tentar retomar um rumo. Virei cozinheiro, pintor, faxineiro... Fiz boas novas amizades. Reencontrei antigas amizades. Passei meu aniversário bem longe de casa. Voltei a estudar. Adotei uma nova cachorrinha para fazer companhia ao Zizou. Amélie foi um grande acerto nesse período.

Mesmo assim, as coisas ainda se arrastavam. Então procurei me aventurar. Comecei a correr todo dia. O tempo agora era meu grande desafio. Os 6km deveriam ser vencidos em menos de 30 minutos. Perdi 19kg. Isso foi bom. Depois, fui praticar SUP. Todo fim de semana, por uma hora e meia, a solidão das remadas no Lago Paranoá me ajudavam a meditar e repensar a vida. Em seguida, peguei o skate do meu sobrinho emprestado e retomei essa prática. Caí algumas vezes, mas nada grave. Essas coisas me ajudaram a ocupar o tempo e voltar a ter algum prazer. Mas, mesmo assim, precisava de algo mais. Então, decidi saltar de paraquedas. Sim, loucura e vontade de sentir a vida. Foi incrível e com certeza voltarei a fazer.


Hoje, mais de um ano depois de “startado” todo esse processo, ainda me encontro em busca do eixo que talvez eu nunca tive na vida. Os planos pipocam em minha cabeça. De fazer cursos de paraquedismo e mergulho, até deixar o Brasil por um período. Não sei ao certo o que vem por aí. Mas vou me permitir viver “um dia de cada vez”, sem pressa e sem medos. Talvez seja minha crise dos 37 (hehehe), mas não acredito nisso. Depois de pensar estar com a vida encaminhada, hoje sinto algo muito parecido com o que sentia no momento em que precisava decidir qual curso fazer depois do extinto 2º Grau. Com uma grande diferença. Hoje sou muito mais preparado para encarar os desafios que hão de chegar e também mais maduro para planejar e executar bons planos. 

Se os dias continuam passando ou sendo vividos? Ah, ainda não tenho resposta para essa pergunta. Mas o tempo – senhor de tudo que existiu, existe e existirá – me responderá no momento certo. E que assim seja.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Merci beaucoup, ZAZ!

Algumas vezes, mesmo para quem tem por ofício a escrita, descrever algo ou simplesmente narrar um acontecimento se torna penoso. Isso porque se corre o risco de não ser fiel ao fato, de não conseguir passar ao leitor aquilo que realmente ocorreu em determinado tempo/espaço da história. Pois bem, mesmo com esse temor em mente, vou tentar aqui passar um pouco do que foi ZAZ por Brasília.


Para quem não sabe, ZAZ é uma talentosa cantora francesa que hoje espalha doçura e alegria por meio de seus sorrisos, gritos e ritmos por onde passa. Demorou anos, mas finalmente uma turnê dela veio bater em nossa capital. Como não poderia deixar de ser, comprei o ingresso com meses de antecedência. O que não adiantou muito, pois o show foi meio esvaziado. Fato que não poderia ter ocorrido, pois ZAZ merece público de Maracanã em seus melhores dias. Sem o majestoso e lendário estádio, coube à pacata casa de shows Net Live Brasília tamanha honraria.

O local não ajudou muito. Logo na entrada comentei com Veruchka e Gabriel: “ZAZ no Brasil é como Sidney Magal na Europa. Só vai quem conhece”. E é uma verdade. A plateia contou com a comunidade francesa em Brasília e brasileiros como eu, que conhecem um pouco e gostam da cultura francesa. Talvez tenha sido melhor, pois o ar-condicionado do local não suportou o público e o calor tomou conta. Realmente, ZAZ merecia algo melhor. No entanto, em Brasília, hoje, não temos boas casas para espetáculos. Fica o registro.

Se por um lado a casa decepcionou, por outro a cantora compensou. “La fée” (A fada) foi a primeira canção. Com arranjos novos, se comparado à gravação do CD, a música encantou como cartão de visitas. Lindo desempenho da bela moça que corria e gritava pelo palco com seu vestidinho colorido. Para cativar o público, ZAZ se arriscou no idioma de Camões. Boa noite Brasília! Gosto sempre que um artista internacional tenta agradar o público com gestos como esse. Sei lá. É algo que me faz pensar: “Legal! Ela se interessou por nós”.

Mas, sem graça e meio tímida, logo retomou o francês. Perguntou quantos da plateia falavam francês. Pediu para que levantassem a mão. Uma galera! Eu nem me arrisquei. Fiquei quietinho na minha, como um bom menino de Alexânia ao entrar numa loja de cristais. Fiquei encantado assim que ela se retirou do palco e o telão atrás começou a rodar imagens dela cantando “Si jamais j’oublie” (Se eu me esquecer). É uma das músicas mais bonitas. Fala exatamente do amor dela pela música, pelos gritos e pelo canto. Fantástica!

O mais divertido do show foi ver minha sobrinha Isadora com as amigas e amigos do colégio. Era uma alegria só. Ah, e ver Veruchka gravar várias partes do show também foi divertido. Eu sempre acho que tem coisas que devemos ver e guardar. Esse show era uma dessas coisas. Foi lindo! Mas tenho de agradecer de antemão essa ousadia da Veru. Agora tenho boas lembranças desse dia. :)


Como não poderia deixar de ser, o momento mais aclamado da noite foi quando ZAZ mandou “Je veux” (Eu quero). Nessa hora, parecia que todo mundo sabia a música. Até eu arrisquei cantar alguns pedaços. Mesmo que baixinho. Hehehe Para encerrar a noite, “On ira” (Nós iremos). Nessa hora, Isadora já estava bem cansadinha e saímos antes do Au revoir!

Cara, foi uma noite para ser lembrada. Quem não foi, perdeu. Ou não. O gosto é algo sempre discutível. Mas para mim, foi um belo show. Valeu a grana empenhada, a chuva de leve na entrada e a chegada tarde em casa. Tudo recompensado pela bela voz e talento de ZAZ, essa menina que já é grande e será ainda gigante. Que noite, amigos. ZAZ, merci beaucoup!

OBS: O trompetista da ZAZ é um capítulo à parte. Talvez um dia escreva sobre...

segunda-feira, 27 de março de 2017

Tem como aumentar para 36 horas?


Impressiona o passar dos dias. Talvez pelas obrigações diárias e cobranças eternas de tudo e todos, já não consigo mencionar o tempo como algo que passa devagar, sem pressa. Para falar a verdade, sinto necessidade de mais tempo a todo instante. Quem dera os dias passassem a ter 36 horas e não mais as 24 horas. São muitos afazeres inadiáveis, além dos momentos que precisamos arrumar para lazer, visitar amigos, família e cuidar da casa.

Minha casa, inclusive, tem sido um lugar aonde só vou para dormir. Esta semana retomei o almoço em casa. Custe o que custar, vou fazer meu almoço e ficar com meus dois cachorrinhos por pelo menos uma hora. Hoje deu muito certo. Claro que a correria foi inevitável. Isso porque, antes de mais nada, tive de comprar frutas, legumes e hortaliças. Cheguei a minha casa e coloquei roupa para lavar enquanto lavava os alimentos.

O tempo, de Salvador Dalí

Aproveitei o meio tempo para descer com Zizou e Amélie. No retorno, a batata já estava quase cozida e era hora de secar a alface. Em seguida, temperei o peito de frango e cortei tomates e cebola. Arrumei a rúcula e preparei o prato das hortaliças. Ficou até bonito. Com a batata cozida, passei o peito frango e arrumei tudo no prato. Não fiz foto, mas confesso que tive orgulho. Retomar a alimentação em casa é qualidade de vida.


Almocei com prazer, escutando notícias sobre a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, e outros temas. Logo, escutei o barulho da máquina encerrando as atividades. Hora de colocar a roupa para secar. Uma hora e meia de almoço e uma vida resolvida. Acho que o tempo bem aproveitado torna-se leve e prazeroso. Hora de voltar ao trabalho. A noite ainda tem a corrida diária para fazer, roupa para passar, dever de casa das aulas de francês e descida com os cachorros. É... a ideia das 36 horas diárias me cairia bem nesta etapa da vida.

terça-feira, 21 de março de 2017

Tome o controle da situação. Isso vale ouro

Odeio quando as coisas saem do meu controle. Odeio ficar a reboque de decisões de terceiros. De pessoas que nem sempre pensam no outro. Assim como eu, acredito que boa parte da população mundial pensa assim. No entanto, é preciso tentar compreender todo o processo, aceitá-lo. Nem sempre depende de nós, da nossa querência... E a vida é assim. Não adianta reclamar ou resmungar pelos cantos. Muitas vezes, viramos apenas passageiros de situações. Simples assim.

Recentemente, tenho passado por boas provações nesse sentido. No trabalho, na família, nos relacionamentos que escolhemos viver... Sempre há situações que incomodam. Tenho trabalhado isso da seguinte forma:

Situação X. Consigo resolver?
Sim, então não vou me preocupar e apenas trabalhar para resolver.
Não, então não vou me preocupar, uma vez que não tenho como resolver mesmo.

Nem sempre é fácil, pois o incômodo crescente gera ansiedade e estresse. Por outro lado, contar até dez é sempre um grande passo. A terapia tem me ajudado muito. Estar com um profissional alheio ao seu cotidiano te faz pensar em quantos pontos de vista pode haver em uma única situação. E olha que estou ficando perito nisso. O que outrora me incomodava, agora não tem passado de ruído somado a outros tantos que assobiam diariamente em meus ouvidos.

Encarar a realidade é sempre a melhor saída. Não adianta querer viver algo que não existe ou que se passa apenas na sua cabeça. Encare os fatos. Seja corajoso e não tenha medo de mudar. Mudar é bom. A mudança que muitas vezes esperamos pode estar dentro de nós mesmos. É apenas aceitar o processo, se render a ele e deixar fluir.




Administrar a vida é tarefa complicada. Requer muito conhecimento humano e autoconfiança. No que depende de nós, adiante... Se depender do outro, nunca se esqueça disso, prepare-se para a decepção. Já dizia o Barão de Itararé: “De onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo”. A verdade é que não tem muita gente interessada na vida alheia não. Viver é sempre o melhor remédio para esse tipo de situação.

Certa vez uma senhora de uns 70 anos me deu uma lição de vida. Dizia ela: “Meu filho, sabe o que adoro nesta minha idade? Eu faço o que quero, falo o que me vem à cabeça e o povo ainda acha engraçadinho”. Está aí a graça da vida. Não se preocupe com o que o outro pensa de ti. Seja você, sempre. Assim, quem gostar de você vai gostar pelo que você é e não pelo que aparenta ser. E assim a vida ficará mais leve. Chega de se preocupar com o que as outras pessoas vão pensar. Tenha prudência, mas que tua vontade prevaleça em suas decisões. É o que quero para mim e para você.

terça-feira, 7 de março de 2017

O cinema que inspira...

Não há fórmula ou mesmo uma receita para se viver a vida. Muitas vezes planejamos, sonhamos, refazemos os planos e, mesmo assim, a vida nos atropela e nos faz recomeçar. Muitas vezes do zero. Há magia nisso. Só os fortes conseguem seguir depois de grandes derrotas. Lembro a frase do eterno personagem Rocky Balboa: “Não importa o quanto você bate, mas sim o quanto aguenta apanhar e continuar. O quanto pode suportar e seguir em frente. É assim que se ganha”.



O cinema é mesmo uma fonte de inspiração para quem quer viver. Dizem que a arte imita a vida, e vice-versa. Eu adoro filmes, de todos os gêneros. Confesso que deixei o terror de lado faz um bom tempo, mas em dia com os outros. No fim de semana assisti a dois dramas fantásticos. O primeiro chama-se Amour e foi vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2012, se não me engano. O segundo, A odisseia de Alice, é também de muito valor por retratar de forma real a vida da única mulher em um cargueiro pelos mares do mundo. Bota lição de relacionamentos nisso, em ambas as películas.

E sobre relacionamentos a vida só nos proporciona acúmulo de experiências. Você nunca estará preparado. É sempre novo, diferente, atraente, desafiador e, porque não assumir, monótono. O mais legal nisso tudo é que você pode fazer sempre diferente. Se reinventar ou mesmo fazer ajustes necessários. Ajustes esses não para agradar a ninguém, mas para te tornar uma pessoa melhor. Afinal, o que conta no fim de nossas vidas deve ser o que de bom plantamos por onde passamos.

No filme Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain tem uma cena muito boa. O personagem entra num jogo onde para diante de uma estátua. Ela aponta para o céu e o personagem fica sem entender porque chegara até ali. Eis que uma criança o cutuca e diz: “Quando o dedo aponta o céu, o idiota olha para o dedo”. Voilá! Quantas vezes deixamos de olhar para o que está por vir para nos prendermos ao pequeno? Olhar o dedo não mudará nada sua visão de vida. No entanto, se olhar para o céu as possibilidades serão infinitas.

E o que dizer da frase do Don Corleone, de O Poderoso Chefão: “Um homem que não se dedica à família nunca será um homem de verdade”. Nossa, que forte. Considero essa frase muito real. E não apenas para homens, mas também para mulheres. Afinal, família é família.



Sei que cada um dos meus seis leitores tem suas frases favoritas do cinema. Poderia listar outras tantas aqui, mas não convém. O recado foi dado. Busque filmes que dizem algo também, não apenas entretenimento. O cinema é um retrato da vida e muitas vezes pode lhe dizer algo bacana. É assim que encaro os filmes que me proponho a assistir…


terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Ela chegou e o ciúme reinou

A cena tornou-se rotineira nos últimos dias. Chego, abro a porta e dois ‘serumaninhos’ aparecem quase que sorridentes a me receber. Zizou sempre fez isso. A novidade, no entanto, é Amélie. Amélie é outro Jack Russel Terrier que adotei para fazer companhia ao “ziza”. Deu muito certo. O maior problema nisso tudo, acreditem, sou eu. Explico.



Sempre ouvi dizer que Zizou e Calvin sentem ciúmes de mim. Nunca levei muito a sério, pois é um sentimento muito humano. Mas está constatado o quanto Zizou se sente meu dono. Isso mesmo que vocês leram. Ele tem um sentimento de posse sobre minha pessoa. Bizarro! Talvez pelo jeito demasiadamente carinhoso que sempre o tratei. E, agora, ele precisa dividir minha atenção diariamente com Amélie.

É notória a diferença de postura adotada quando estou dando atenção a eles e quando estou fazendo outras coisas. Na primeira opção, de atenção a eles, Zizou não perde tempo em tentar expulsar Amélie de perto. Rosna, late e parte para o ataque. Amélie, que não é boba, revida. No entanto, ela sabe que ele é muito maior e que, portanto, o recuo é inevitável. Por outro lado, quando não estou dando atenção, Zizou corre para brincar com ela. Inacreditável.

A psicologia canina, se é que isso existe, deve explicar um pouco esse comportamento. Como um cão pode se achar detentor da posse de um humano? Acho que na cabeça do Zizou é exatamente isso que ocorre: “É meu e ninguém tasca”. Sinto dizer, Zizou, mas não é assim que a banda toca. Aliás, camarada, se você entendesse um pouco da música que está tocando, tiraria melhor proveito da situação. Aproveite Amélie. Ela será sua companheira por muitos anos. E se voltar a bater nela, chamo a polícia e você vai ser enquadrado na Lei Maria da Penha. Se liga, rapá.


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Botafogo, preciso te dizer algo

Estou ficando velho e já não controlo tão bem minhas emoções. A estreia do Botafogo na Libertadores 2017 mostrou o quanto posso ficar tenso por conta de uma paixão. Acompanhado de amigos, num certo momento, eu simplesmente desisti do jogo. Era muita tensão desnecessária. Imagine que você se organiza para ver um jogo de futebol que, teoricamente, deveria ser um momento de prazer e simplesmente não consegue ter prazer.

Percebi minha incapacidade no momento do segundo gol. Já ganhávamos por 1 a 0, mas quando a bola balançou a rede e que eu fui levantar da cadeira para comemorar, simplesmente perdi as pernas e sentei-me no chão mesmo. É demais para mim. Como posso seguir a partir deste ponto?


O Botafogo, para quem me conhece, é algo importante em minha vida. É amor sim. Amor gratuito, daqueles sem vergonha que fazem você passar raiva, xingar, chutar e perder o sono. Mas é amor verdadeiro, daqueles que te fazem acordar sorrindo, cantarolando músicas que nem mesmo você sabe a letra. Assim é essa relação. E só quem é Botafogo pode entender do que estou falando.

TEM COISAS QUE SÓ ACONTECEM COM O BOTAFOGO. Na boca de comentaristas, narradores e até de outros torcedores, essa frase não faz tanto sentido. Saída da boca de um botafoguense, ela simplesmente resume o que é o Botafogo. Superstição, amor, raiva, paixão, decepção, glória, fracasso... tudo no mesmo balaio e em poucos minutos. Quem consegue lidar com isso? Eu não mais. Não tenho mais 15 anos. O coração precisa ser preservado para coisas maiores como esposa, filhos, netos...

Botafogo, você continuará sendo meu Botafogo. O mesmo de sempre. Mas não posso, ou não devo, deixar que nosso amor destrua uma das partes desta relação duradoura. Estarei contigo, sempre. Mas não espere mais tanto de mim. O coração precisa ser forte e você castiga demais, mesmo nos momentos de suprema alegria como na vitória contra o Colo Colo.




quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Pássaro das 4

Pela janela do quarto
Escuto um pássaro
Sem falta, sem atraso
Todo dia, às 4

Assim como o veludo
O cantar é macio
No meu mundo desnudo
Nenhum pássaro faz ninho

Lá pelas 4
O cantar é exato
Desperto assim, sem ti
Neste mundo ingrato

Será um tico-tico?
Talvez um bem-te-vi
Sendo certo um sabiá
É porque não está aqui

Esse pássaro sempre volta
Todo dia lá pelas 4
Já meu amor por você
Virou peça de teatro

Ederson Marques

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Nada é nada ou nada é tudo?

O amanhecer hoje foi um pouco diferente. Despertei com uma vontade danada de escrever, sobre tudo e sobre nada. Escrever apenas. Ultimamente tenho pensado nisso. O ofício de jornalista me faz escrever. Todos os dias, escrevo. É uma nota, uma reportagem, um e-mail, uma mensagem nas redes sociais... E por aí vai. No entanto, nem todo dia tenho vontade de escrever. O faço porque necessito.

O paradoxo na minha vontade de escrever hoje está justamente no que escrever. Apesar de querer dissertar linhas e mais linhas, me faltam assuntos ou mesmo um único assunto. Ao tomar meu café da manhã, fiquei pensando nisso. Escrever sobre a vida? Ah, tanta gente o faz a toda hora. Sobre política? Nem comece. Religião é confusão. Futebol é chover no molhado. Sentimentos? Como diriam os gaúchos: Bah! Então caio no nada.

O nada também tem suas virtudes. Não direcionar palavras é uma forma de não julgar atos, situações ou pessoas. O nada, na verdade, é charmoso. Imaginar a ausência de tudo já nos faz pensar em algo grande. Por falar nisso, ainda não chegaram à conclusão sobre de onde surgiu tudo que conhecemos, não? O Universo, não é mesmo? De onde veio? Do nada? O nada pode ser muito misterioso.

O nada pode ser e também pode não ser. Quando alguém tenta mostrar desprezo por algo ou alguém, ela responde: nada. Amigos meus, inclusive, morrem de medo desta resposta. Quando perguntam às mulheres: Meu amor, o que ocorreu? E a resposta vem curta e seca: NADA. Praticamente suas vidas passam pelas suas cabeças em fração de um mísero segundo. Nesta hora, o nada volta a poder ser tudo.

O charme do nada está aí. Meu texto, neste momento, não diz nada com nada. Mas passa uma mensagem: a minha vontade de escrever. Se tu tens uma vontade não perca tempo e execute-a. Você não tem nada a perder, apenas pode ter a frustração de não ter feito nada para que sua vontade prevalecesse sobre o tudo.

Ep. 2 - Um plano infalível

 Não demorou muito e precisei deixar a casa dos meus pais. Não sabia para onde ir ou a quem recorrer. Certo era que voltar a morar com eles ...