segunda-feira, 10 de maio de 2010

Uma batalha para todo sempre

Vocês se lembram da cena do filme “Coração Valente” onde William Wallace (personagem interpretado por Mel Gibson) enfrenta o exército inglês com poucos escoceses e consegue a vitória? Pois bem, no sábado tivemos nosso momento de conquista, de vitória, de glória... E tudo ocorreu em exatos 50 minutos.

O prenúncio de minutos sofridos era nítido. Um dia ensolarado, com temperatura elevada e umidade baixa. Um clima nada amistoso para uma partida de futebol perto de meio-dia. E a arena do combate ficava longe do nosso forte, nas proximidades do Gama (45 km de Brasília). E o nosso exército estava desfalcado. Do goleiro ao ponta-esquerda. Mas a superação sobressaiu à hostilidade.

O atacante virou goleiro no primeiro tempo. Esse blogueiro colocou a armadora de arqueiro e partiu para baixo do arco. Nossos guerreiros tentavam a todo custo acertar o alvo, mas sem sucesso. Foi quando, em uma investida pela direita, o inimigo abriu o marcador. Um louco partiu para cima de nossa infantaria e conseguiu furar o bloqueio, balançando a rede do meu gol. Eu ainda consegui encostar na pelota, mas nada que pudesse impedir a marcação do tento.

Poucos minutos depois, veio uma bomba de fora da área. A bola bateu no meu zagueiro e em mim e começou a rolar vagarosamente rumo à linha do meu arco. Eu consegui segurá-la, mas o fogo amigo foi inevitável. Christian soltou a perda e em uma explosão de forças fez meu ombro se contundir e a bola chegar levemente ao pé do adversário: 2 a 0. Fiquei no chão por alguns minutos como soldado ferido em batalha. Em seguida findou a etapa inicial.

Veio o segundo tempo. E com ele mudanças. O comportamento dos guerreiros é que faz a diferença em uma batalha. E nós, com todo respeito ao lado de lá, aniquilamos qualquer linha de defesa e fizemos o melhor segundo tempo de todos os tempos da nossa querida Sociedade Esportiva Canarinho. A mudança foi simples. O goleiro virou atacante. O atacante virou meia e o lateral virou goleiro.

O resultado foi digno das telas do cinema. O primeiro gol não tardou a sair. Pela direita, Paulo lançou Neco, que de calcanhar rolou para Edinho. Foguete para acordar a coruja. Em seguida, furaram nosso bloqueio pela terceira vez. A resposta não tardou a ocorrer. E após “assassinar” a pelota em seu peito, Neco rolou para Paulo soltar outra bomba, dessa vez no canto.

A subida no melhor estilo “Coração Valente” levou a outras baixas. E faltando uns 10 minutos para o fim o placar marcava 5 a 2 para os adversários. Era hora do tudo ou nada. Nossa torcida pulava fora do alambrado. Companheiros de outras batalhas que neste dia não vestiam a armadura amarela e azul. O grito deles fez pulsar ainda mais nossos corações e o que se passou daí adiante foi um verdadeiro massacre.

Era tiro pela direta, pela esquerda, bomba vindo de cima e até de baixo. Não tinha quem segurasse o ataque “kamikaze” promovido pelo trio Edinho, Paulo e Neco. Nesse curto período de tempo, fizemos quatro gols e conseguimos o triunfo. Um tento, em especial, merece ser narrado aqui.

O jogo estava em 5 a 5 e o árbitro estava dando um minuto de desconto. Bola pra frente e Neco tenta um drible em direção ao gol. O zagueiro corta e cede o escanteio. O “professor” deu a entender que seria o último lance da partida. Edinho correu no batedor e pediu para cobrar no segundo poste. Em seguida, falou para Neco e Christian – que estavam ganhando todas no ar – puxarem os marcadores para o primeiro poste.

Veio a bola. Parecia um “ao vivo” em câmera lenta. Neco correu levando consigo dois marcadores. Christian fez o mesmo. A bola passou sobre eles devagar, como se nunca mais fosse cair. Aí a surpresa. Edinho estava sozinho no segundo poste e pode fazer pose para marcar o gol da vitória. A partir daí, o que escutamos foi que os guerreiros voltaram a honrar a camisa do Canarinho como há tempos não se via.

O alívio estava estampado no rosto de cada guerreiro e as marcas dessa conquista podem ser vistas em seus corpos até hoje. Em um no ombro, em outro no tornozelo, na perna, no braço... Ao fim daquele jogo, percebi porque uma batalha torna-se inesquecível e como ela será lembrada de geração em geração, por todos os séculos, até o fim dos tempos.

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