segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Programa de doido em Goiânia

Quatro dias antes de o Goiás Esporte Clube se ver livre do rebaixamento do Campeonato Brasileiro, estive no estádio Serra Dourada para acompanhar a um jogo da Série C do mesmo campeonato. Sim, Série C! O maior rival e freguês do Goiás, o Vila Nova disputou uma vaga na Segundona contra o Nacional da Paraíba. Ao final, o placar marcou 3 a 0 para os goianos. Festa na arquibancada.

O que impressionou foi a quantidade de torcedores no estádio. Um timinho de terceira divisão colocou mais de 40 mil sofredores em um mesmo lugar. É de admirar. Para comprovar isso, eis a foto do evento.

O que mais chamou a atenção no jogo não foi o futebol apresentado em si. Esse por sinal digno de competir no campeonato interno do Correio Braziliense – competição que nunca venci com o Timbú.

No dia do jogo, saí de Brasília às 17h ao lado do meu pai, tio, irmão e um amigo antigo da família. Todos vilanovenses. Eu, apesar de botafoguense, sempre torço pelo Goiás em Goiânia. Na entrada do estádio, encontramos um outro sofredor (o irmão do meu pai que torce para o Atlético-GO – existe de verdade) e um esmeraldino contrariado com a campanha do Verdão na elite do futebol.

Meu irmão, que ao gritar Tigrão parecia um animal sangrado, começou a tomar uma gelada no início da farra. Eu não resisti e entrei na dança, apesar de a garganta estar péssima no dia. Compramos ingressos para as cadeiras e esperávamos ficar sentados durante a partida. Doce ilusão.

O irmão do meu pai atrasou. A gente, que mora a 250 km do estádio, estava lá na hora marcada. Ele, que mora a uns 5 km, atrasou. Surreal! Resultado. Cinco babacas esperando pelos ingressos enquanto a torcida gritava pela entrada do Vila no gramado. Tudo bem, entramos para o início do jogo. Mas as cadeiras estavam lotadas e o que fazer?

Subimos, literalmente, por cima das pessoas até chegarmos ao último degrau do anel superior do estádio. Ali, nos esprememos e conseguimos ficar mais de duas horas em pé. Nada vale esse sacrifício para ver o Vila Nova. Ainda mais eu sendo torcedor do Goiás.

No decorrer da partida, a gente não conseguia comprar uma cerva sequer. Nem água chegava para os babacas. E meu irmão continuava gritando como um animal sangrando. No intervalo, quando estava 1 a 0 para o Vila, meu irmão e seu amigo animaram e enfrentaram uma via-sacra por uns copos de cerveja. Eu fiquei no mesmo lugar. Pior para mim.

Um torcedor vilanovense sem cérebro soltou uma bomba atrás de mim. Parecia um atentado. Perdi a audição na hora. Quando pensei em reclamar, ele soltou outro. Aí, camarada, eu já não escutava nem minha voz mais. E pior, fiquei com medo da estrutura ruir. O negócio foi tomar uma cerva e continuar.

Acredito que aos 20 minutos do segundo tempo, Túlio Maravilha ressuscitou. O eterno goleador botafoguense – agora no Vila Nova – marcou de cabeça. A torcida foi à loucura. Fiquei com medo de meu pai ter outro enfarte. Quando menos se espera, Túlio faz outro. Pronto. Tudo ficou consumado.

Na mesma rodada, tive que ver o irmão do meu pai se lamentar porque o Atlético-GO não conseguiu subir. E olha que era só ganhar do fraco Barras-PI. Resultado final da partida: 3 x 1 para os piauienses. E meu tio triste como uma ninfeta ao fim do namoro.

Todos saíram contentes e tive que “escutar” meu pai e seu radinho durante muito tempo. Na mesma noite, o Goiás perdeu para o Atlético-MG por 4 x 1. O perigo do rebaixamento ficou ainda maior. Mas eu já sabia que meu Verdão não cairia, mas sim o Corinthians.

Eu voltei para casa no mesmo dia. Cheguei a Brasília na quinta-feira, às 2h30. Na sexta-feira, às 5h40, estava no aeroporto para embarcar para o Rio de Janeiro. Mas isso é uma outra história.

Ah, vocês devem estar se perguntando porque não tem nenhuma foto minha nesta página. Bem, eu era o fotógrafo e me esqueci de tirar uma foto minha.

Nenhum comentário:

Ep. 2 - Um plano infalível

 Não demorou muito e precisei deixar a casa dos meus pais. Não sabia para onde ir ou a quem recorrer. Certo era que voltar a morar com eles ...