A
cena tornou-se rotineira nos últimos dias. Chego, abro a porta e dois ‘serumaninhos’
aparecem quase que sorridentes a me receber. Zizou sempre fez isso. A novidade,
no entanto, é Amélie. Amélie é outro Jack Russel Terrier que adotei para fazer
companhia ao “ziza”. Deu muito certo. O maior problema nisso tudo, acreditem,
sou eu. Explico.
Sempre
ouvi dizer que Zizou e Calvin sentem ciúmes de mim. Nunca levei muito a sério,
pois é um sentimento muito humano. Mas está constatado o quanto Zizou se sente
meu dono. Isso mesmo que vocês leram. Ele tem um sentimento de posse sobre
minha pessoa. Bizarro! Talvez pelo jeito demasiadamente carinhoso que sempre o tratei. E, agora, ele precisa dividir minha atenção diariamente com Amélie.
É
notória a diferença de postura adotada quando estou dando atenção a eles e
quando estou fazendo outras coisas. Na primeira opção, de atenção a eles, Zizou
não perde tempo em tentar expulsar Amélie de perto. Rosna, late e parte para o
ataque. Amélie, que não é boba, revida. No entanto, ela sabe que ele é muito
maior e que, portanto, o recuo é inevitável. Por outro lado, quando não estou
dando atenção, Zizou corre para brincar com ela. Inacreditável.
A
psicologia canina, se é que isso existe, deve explicar um pouco esse
comportamento. Como um cão pode se achar detentor da posse de um humano? Acho
que na cabeça do Zizou é exatamente isso que ocorre: “É meu e ninguém tasca”.
Sinto dizer, Zizou, mas não é assim que a banda toca. Aliás, camarada, se você
entendesse um pouco da música que está tocando, tiraria melhor proveito da
situação. Aproveite Amélie. Ela será sua companheira por muitos anos. E se
voltar a bater nela, chamo a polícia e você vai ser enquadrado na Lei Maria da
Penha. Se liga, rapá.