sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Sobre chegar e partir

Gosto de escrever. Não me incomoda escrever, ler, reescrever, reler... É um processo criativo e de aperfeiçoamento de uma técnica antiga, que remonta às pinturas rupestres de nossos ancestrais. Esta noite, ainda quando eu cochilava tentando engatar um sono profundo e de descanso, veio-me a lembrança de um poema que surgiu em minha cabeça quando estava sendo zoado por Eduardo e Carolina no carnaval. Aliás, os dois se uniram contra minha pessoa e nem a Renata, sempre solícita, conseguiu sair em minha nobre defesa. Mas essa é outra história.

Ocorre que nesta noite consegui jogar para o papel aquele sentimento. Veja se prestou.

Chegar e partir



Na vida, como na física, existe uma constante que ninguém deve discutir
Existe tempo para tudo, inclusive de chegar e de partir

A gente chega no mundo sem nem mesmo pedir
Corremos para lá e para cá e quando menos se espera, da mesma forma sem pedir, chega a hora dura, a hora de partir

Antes, porém, chegamos e partimos milhares de vezes
E nesse meio termo temos de compreender que o tempo da chegada e da partida é uma questão de escolhas.

Escolhemos visitar uma amigo ou uma amiga, escolhemos não chegar a um compromisso, escolhemos até mesmo a hora de um belo sorrir
Mas se tem uma coisa que não escolhemos é a hora do amor chegar e partir.

O amor, nesse caso, quebra toda lógica da física conhecida. Ele é ousado.
Se não respeita a teoria do espaço/tempo, como vai respeitar a teoria do chegar e do partir?

Independe do homem escolher chegar e partir do coração de uma mulher... e a recíproca é verdadeira.
Porque o amor não enxerga essas "coisices" da ciência exata. Ele é, de fato, inexato, imprevisível.

Tente ter certeza de todas as chegadas e partidas da sua vida. Ora, tem gente que já deixa até casa pronta no cemitério. Não que esteja certo ou errado. É que, nesse caso, é difícil prevenir.

Nos trens de chegadas e de partidas, o que vale no fim é o que se deixa pelo caminho
Amor, dedicação, carinho, solidariedade, paixão, tesão... Palavras boas do português nós temos de monte que nos fazem sorrir
Mas se tem duas delas que me encucam, são as que não me canso de repetir: chegar e partir.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Quase 7 mil dias de saudade

Demorei alguns dias para começar esse relato. Pouco dias, na verdade, se comparado aos milhares de dias que demoramos para nos rever. Tentando pensar em exatidão, algo perto de 6.948 dias. Em anos, 19. A expectativa e ansiedade eram enormes, desde o dia em que confirmei minha ida a São Paulo. Carolina Ferrucci Monção, chegou a hora de você ser minha personagem neste humilde espaço.

Se você, leitor, tivesse que descrever uma pessoa e tivesse que fazer isso com apenas uma palavra, como seria? Me fiz essa pergunta depois que retornei para casa. No caso da Carol, seria uma covardia ter que limitar todas as suas virtudes em uma única palavra. Nem o poeta mais refinado conseguiria fazê-lo. Sucede-se o relato, então, de tudo isso em centenas, talvez milhares de palavras.

Nunca tinha imaginado sentir o que senti. Ainda em Brasília, ela me alertou sobre aterrissar em Congonhas: “fique de olho o quanto o avião passa perto dos prédios”. Realmente, é algo diferente e emocionante. Antes de pegar minha mala, ao melhor estilo Carol, ela mandou a seguinte mensagem:


E saí rumo à Pizza Hut, passando entre pessoas que se espremiam no desembarque doméstico. Na minha cabeça, esperaria por ali uns 15 minutos. Eis que sinto um toque no ombro e ao me virar, vejo uma pessoa sorridente, de abraço fácil e carinhoso, a dizer: Oiê! Ela já estava lá e armou essa para mim. Como negar um abraço? Irresistível! Sim, 19 anos depois e pude sentir novamente esse abraço aconchegante e cheio de amor.

Claro que os dias que sucederam foram incríveis e tenho a comentar pouco sobre eles por aqui. Seria um texto muito longo. Vale a pena comentar dois episódios. Talvez, três. O primeiro é que ganhei uma lasanha de boas-vindas. Nham, nham!!! Carol se uniu a doce e meiga amiga Andreza e fizeram uma delícia dessa, harmonizada com um bom vinho verde e regrada a boas lembranças e novas histórias. Se o mundo acabasse naquela hora, não ia achar ruim não. Afinal, a Carol é simplesmente surpreendente.

Andamos muito. Nossa, como andamos naqueles dias. Ela mostrou disposição de atleta olímpico. Me levou a "tudo que tuá" com tanta empolgação que não poderia negar-lhe um sorriso a cada minuto. E sorrimos muitas vezes, gargalhamos outras tantas e brincamos demais com a vida. E ainda teve o Tico e o Fubá, dois gatos malandrinhos que gostam de quem gostam deles. E, claro, eu gosto muito de animais e vocês já sabem disso. Então, o Fubá até ensaiou uma soneca comigo uma vez. Se Zizou ou Amélie sonham com isso, estou frito.

Todo dia era sempre o mesmo sorriso. O cansaço só nos vencia na hora de ver filmes. Era cada “pescada” no meio da trama... E no último dia, com toda dedicação e animação (não sei de onde ela tira tanta animação assim), Carol me levou para dar uma volta na Avenida Paulista, que ESTAVA ABERTA naquele dia. Bandas de rock, emos, nemos, ciclistas, equilibristas, altruístas, masoquistas, sadistas e tudo que você puder imaginar estava por lá. Uma vida vivida de forma bem vivida.

Ah, Carol! Ah, Carol! Só posso agradecer por tudo isso que você é. Não consigo explicar tudo isso. Depois de 19 anos, a amizade nunca mudou. Aquela quinta-feira, no aeroporto de Congonhas, parecia ser apenas o dia seguinte ao último dia que te vi aqui em Brasília. O B1 e o B2 vestidos com a camisa da Legião Urbana arrebentam desde a década de 1990. Que mais e mais anos nos acompanhem para todo o sempre. Obrigado, Carol ou Nega. Obrigado por ser sempre assim: você. Ah, e se me permite descrevê-la em uma única palavra, ouso escrever: “AMOR”. Se cuida, mas nem tanto!

Carol com Tico e eu com Fubá


Ep. 2 - Um plano infalível

 Não demorou muito e precisei deixar a casa dos meus pais. Não sabia para onde ir ou a quem recorrer. Certo era que voltar a morar com eles ...