segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Quem esse lazarento pensa que é?

Alguns telefonemas e trocas de farpas em grupos de Whatsapp. Assim teve início o contato com esse ucraniano direto, sem frescuras, meses antes da decisão sobre minha vinda para Curitiba. De estatura privilegiada, ele não passa despercebido por onde chega e tem uma vontade de fazer a coisa funcionar tão grande quanto eu tenho. Abro esse humilde espaço para escrever sobre o Juvino Grosco, o maior parceiro que o trabalho no Paraná poderia me arrumar.

Certo dia, em Brasília, eu percebo um cara fazendo uma live atrás da outra na página de um dos nossos clientes. Mando mensagens no grupo pedindo para parar porque o efeito seria ruim sem um planejamento prévio. Segundos depois, recebo uma resposta ríspida e direta: “Vamos continuar fazendo”. Eu expliquei sobre o algoritmo usado pelo Facebook e a resposta seguinte foi ainda mais direta: “Você deveria conhecer mais de Paraná”.

Pouco tempo depois, recebo a notícia de que deveria embarcar para o Paraná e ajudar na campanha do Sérgio Souza. Nosso planejamento era mostrar o que ele tinha feito para centenas de municípios e, então, sobrou para a dupla Ederson/Juvino percorrer boa parte do Estado fazendo entrevistas e imagens. E aí eu pensei: “Caracas, Juvino é complicado, mas vamos lá”. Eu estava totalmente errado. Nada de complicado. Em primeiro lugar, ele conhece esse Paraná como poucas pessoas e, depois, o Paraná o conhece. Em cada município que pisávamos, prefeitos, vice-prefeitos e lideranças nos recebiam de forma carinhosa. Todos conheciam Juvino e demostravam muito respeito por ele. Isso me chamou atenção.

Os dias foram passando e a amizade e o respeito aumentando. Chegou a campanha. Não consegui ajudar Juvino em quase nada. O plano era eu estar na rua com eles, fazendo boa parte das postagens nas redes sociais, mas o trabalho exigiu outra frente de atuação e fiquei na base. De longe, rezava pela segurança deles nas estradas (nem sempre boas e algumas muito perigosas) e me esforçava para atender de imediato qualquer demanda. Incrível a capacidade e dinamismo do Juvino. Ele não deixou nenhuma reunião sem publicação. Algo incrível!

Eu sempre fazia questão de repetir para quem quisesse ouvir, sem medo algum de cometer qualquer injustiça, que Juvino carregou a campanha de rua nas costas. Um trator para trabalhar esse ucraniano que, segundo a Débora Weiller, "tem até olhos azuis".

Terminamos esse processo, meu amigo, e saiba que tens um grande amigo em Brasília que te admira, respeita e não mais vai discutir contigo ao telefone. Até porque tenho certeza de que, assim como eu, você já deve ter a resposta para aquela pergunta que tanto nos fez rir neste processo todo: “Quem esse lazarento pensa que é?”

Obrigado pela amizade da sua família. E que o Gui seja tão foda quanto você, meu velho.


segunda-feira, 4 de junho de 2018

Descamisado: Tem coisas que só acontecem...


Os dias vão passando e as crônicas vão saltando. Poderia escrever sobre várias coisas que ocorreram no fim de semana frio de Curitiba. Do tal do Murph (tô com o corpo doendo até agora, dois dias depois) até a visita rápida da Soraya Lacerda. Mas é melhor eu contar algo inusitado aos meus seis leitores. Sou botafoguense e disso todos vocês já sabem. Conhecem aquela frase? Tem coisas que só acontecem com o Botafogo! Pois bem, ela poderia ser facilmente adaptada a mim.

Era domingo. Me programei para lavar a roupa na lavanderia comum do condomínio que estou morando. Por volta das 14h, subi ao terraço e percebi que não tinha ninguém na frente da danada. Olhei para um lado e depois para o outro, só para ter certeza. Desci correndo e peguei minhas roupas. Subi com sabão em pó e com o amaciante assobiando uma música do Manu Chao. Tudo no esquema!

Abri a boca da bicha e coloquei tudo lá dentro: camisa, short, bermuda, cuecas, meias... Estava salvando minha semana no trabalho e no Kahu Crossfit, afinal precisava de roupas limpas para a semana. Fiz tudo como manda o manual de uso daquela belezura que lava até 10kg. Coisa linda de Deus. Era esperar por volta de duas horas e subir novamente para recolher as cheirosinhas. Pois bem, lá pelas 15h25 meu interfone tocou. Era a síndica:

- Senhor, vi pelas câmeras de segurança que o senhor colocou roupas para lavar, né?

- Sim, coloquei e já estou subindo para retirá-las.

Aí que o bicho pegou. A síndica disse, com voz tensa:

- É que tivemos um probleminha aqui e preciso da sua presença agora.

- Fodeu! Pensei logo. Eu fiz tudo certo. O que poderia dar errado? Subi pelas escadas mesmo. Do primeiro para o sexto andar. Cheguei e encontro uma mulher bufando e com os olhos vermelhos. Até eu ficaria. Um frio danado e tenho de sair de casa para resolver problema de máquina de lavar?

O problema foi o seguinte. O tambor daquela beleza cedeu. A máquina parou e travou a porta. Tentei abrir de qualquer forma, em vão. Só pensava: Que bosta. Com que roupa vou treinar e trabalhar? A síndica informou que o técnico só poderia ir arrumar na terça-feira e que, até lá, minhas roupas ficariam presas na máquina. Desci desolado, desconfiado e só pensando como seria.

Abri o guarda-roupas para ver o estrago. Restaram três cuecas, uma calça jeans, duas camisas sociais e três camisetas, além de duas bermudas de surfista. Ah, o terno ainda estava lá, mas hoje mesmo o levei para a lavanderia. Sábado preciso estar no Rio de Janeiro para um casamento. Espero que até lá eu consiga ter ao menos uma cueca limpa.

Tem coisas que só acontecem com o Botafogo... E comigo!

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Curitiba, seja gentil e surpreendente

Não é fácil ou simples deixar o conforto de lado e se aventurar em águas desconhecidas. O novo assusta, causa estranheza e te faz ter novas sensações e sentimentos. Há cinco dias, desembarquei em Curitiba para uma temporada. O frio do clima me recepcionou, mas a famosa frieza do paranaense foi o que mais me causou arrepios.

Com muito orgulho, posso dizer que conheço um pouco desse Brasil. Curitiba é a 21ª capital em que coloco meus pés. Na bagagem, a vontade de desenvolver um bom trabalho e de abrir o leque de possibilidades. E, por isso, a importância de se correr com novas amizades. Nesse quesito, busquei logo a comunidade que tem a mesma vibe que eu: crossfiters.

Já na segunda, fui ao Kahu Crossfit para uma aula experimental. Espaço bacana, aparelhos bacanas, motivação mil... Resultado: uma hora de treino ouvindo apenas a voz do coach. "Como assim? Aqui ninguém conversa, reclama das dores, xinga pelo cansaço..." Foi aí que me toquei da tal frieza do paranaense. Não é exagero. Eles mesmos reconhecem isso. Cheguei a entrar em outro box, mas pela logística do trabalho, me matriculei no Kahu. Foi uma decisão acertada. Explico.

Na terça-feira, retomei o treino às 7h - mesmo horário em que fazia no meu querido Vessel Crossfit, em Brasília. A turma desse horário no Kahu tem muitos iniciantes e, assim, tive mais espaço para conversas e brincadeiras. As amizades, então, começaram a fluir. Flávia, Maria Fernanda, Diego e o Felipe, que já até morou em Brasília. Questionei sobre essa frieza toda e eles riram. Disseram: "Não é porque somos metidos. A gente simplesmente é assim. Você vai entender com o tempo". Eu, dado como sou e cheio de conversas, disse: AMÉM.

Na quarta-feira, já estava no grupo do zapzap da galera. Ainda como um estranho no ninho, mas tentando notar as particularidades de todos, fui seguindo. Pela noite, me chamaram para um barzinho famoso pela pizza e chopp gelado. Como tudo aqui fica perto da minha casa, fui caminhando e voltei de Uber pela segurança. Noite agradável e de amizades consolidadas.

No feriado, o treino me surpreendeu. Marcado para 10h30, às 10h25 éramos apenas o coach, a Quinha e eu. Do nada, como se fossem uma bateria de escola de samba executando o recuo, chegam umas 15 pessoas e a coisa rendeu. Nesse treino específico, vi que o paranaense não é tão frio assim e que a estada aqui será muito agradável e promissora.


São apenas cinco dias de uma nova jornada. Ainda vou percorrer essa terra ao lado do Juvino por algum tempo. Espero que a acolhida que tive no Kahu se repita em outros lugares. Como diria um amigo: "Deus no comando e coragem na cara. O resto acontece".

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Sobre chegar e partir

Gosto de escrever. Não me incomoda escrever, ler, reescrever, reler... É um processo criativo e de aperfeiçoamento de uma técnica antiga, que remonta às pinturas rupestres de nossos ancestrais. Esta noite, ainda quando eu cochilava tentando engatar um sono profundo e de descanso, veio-me a lembrança de um poema que surgiu em minha cabeça quando estava sendo zoado por Eduardo e Carolina no carnaval. Aliás, os dois se uniram contra minha pessoa e nem a Renata, sempre solícita, conseguiu sair em minha nobre defesa. Mas essa é outra história.

Ocorre que nesta noite consegui jogar para o papel aquele sentimento. Veja se prestou.

Chegar e partir



Na vida, como na física, existe uma constante que ninguém deve discutir
Existe tempo para tudo, inclusive de chegar e de partir

A gente chega no mundo sem nem mesmo pedir
Corremos para lá e para cá e quando menos se espera, da mesma forma sem pedir, chega a hora dura, a hora de partir

Antes, porém, chegamos e partimos milhares de vezes
E nesse meio termo temos de compreender que o tempo da chegada e da partida é uma questão de escolhas.

Escolhemos visitar uma amigo ou uma amiga, escolhemos não chegar a um compromisso, escolhemos até mesmo a hora de um belo sorrir
Mas se tem uma coisa que não escolhemos é a hora do amor chegar e partir.

O amor, nesse caso, quebra toda lógica da física conhecida. Ele é ousado.
Se não respeita a teoria do espaço/tempo, como vai respeitar a teoria do chegar e do partir?

Independe do homem escolher chegar e partir do coração de uma mulher... e a recíproca é verdadeira.
Porque o amor não enxerga essas "coisices" da ciência exata. Ele é, de fato, inexato, imprevisível.

Tente ter certeza de todas as chegadas e partidas da sua vida. Ora, tem gente que já deixa até casa pronta no cemitério. Não que esteja certo ou errado. É que, nesse caso, é difícil prevenir.

Nos trens de chegadas e de partidas, o que vale no fim é o que se deixa pelo caminho
Amor, dedicação, carinho, solidariedade, paixão, tesão... Palavras boas do português nós temos de monte que nos fazem sorrir
Mas se tem duas delas que me encucam, são as que não me canso de repetir: chegar e partir.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Quase 7 mil dias de saudade

Demorei alguns dias para começar esse relato. Pouco dias, na verdade, se comparado aos milhares de dias que demoramos para nos rever. Tentando pensar em exatidão, algo perto de 6.948 dias. Em anos, 19. A expectativa e ansiedade eram enormes, desde o dia em que confirmei minha ida a São Paulo. Carolina Ferrucci Monção, chegou a hora de você ser minha personagem neste humilde espaço.

Se você, leitor, tivesse que descrever uma pessoa e tivesse que fazer isso com apenas uma palavra, como seria? Me fiz essa pergunta depois que retornei para casa. No caso da Carol, seria uma covardia ter que limitar todas as suas virtudes em uma única palavra. Nem o poeta mais refinado conseguiria fazê-lo. Sucede-se o relato, então, de tudo isso em centenas, talvez milhares de palavras.

Nunca tinha imaginado sentir o que senti. Ainda em Brasília, ela me alertou sobre aterrissar em Congonhas: “fique de olho o quanto o avião passa perto dos prédios”. Realmente, é algo diferente e emocionante. Antes de pegar minha mala, ao melhor estilo Carol, ela mandou a seguinte mensagem:


E saí rumo à Pizza Hut, passando entre pessoas que se espremiam no desembarque doméstico. Na minha cabeça, esperaria por ali uns 15 minutos. Eis que sinto um toque no ombro e ao me virar, vejo uma pessoa sorridente, de abraço fácil e carinhoso, a dizer: Oiê! Ela já estava lá e armou essa para mim. Como negar um abraço? Irresistível! Sim, 19 anos depois e pude sentir novamente esse abraço aconchegante e cheio de amor.

Claro que os dias que sucederam foram incríveis e tenho a comentar pouco sobre eles por aqui. Seria um texto muito longo. Vale a pena comentar dois episódios. Talvez, três. O primeiro é que ganhei uma lasanha de boas-vindas. Nham, nham!!! Carol se uniu a doce e meiga amiga Andreza e fizeram uma delícia dessa, harmonizada com um bom vinho verde e regrada a boas lembranças e novas histórias. Se o mundo acabasse naquela hora, não ia achar ruim não. Afinal, a Carol é simplesmente surpreendente.

Andamos muito. Nossa, como andamos naqueles dias. Ela mostrou disposição de atleta olímpico. Me levou a "tudo que tuá" com tanta empolgação que não poderia negar-lhe um sorriso a cada minuto. E sorrimos muitas vezes, gargalhamos outras tantas e brincamos demais com a vida. E ainda teve o Tico e o Fubá, dois gatos malandrinhos que gostam de quem gostam deles. E, claro, eu gosto muito de animais e vocês já sabem disso. Então, o Fubá até ensaiou uma soneca comigo uma vez. Se Zizou ou Amélie sonham com isso, estou frito.

Todo dia era sempre o mesmo sorriso. O cansaço só nos vencia na hora de ver filmes. Era cada “pescada” no meio da trama... E no último dia, com toda dedicação e animação (não sei de onde ela tira tanta animação assim), Carol me levou para dar uma volta na Avenida Paulista, que ESTAVA ABERTA naquele dia. Bandas de rock, emos, nemos, ciclistas, equilibristas, altruístas, masoquistas, sadistas e tudo que você puder imaginar estava por lá. Uma vida vivida de forma bem vivida.

Ah, Carol! Ah, Carol! Só posso agradecer por tudo isso que você é. Não consigo explicar tudo isso. Depois de 19 anos, a amizade nunca mudou. Aquela quinta-feira, no aeroporto de Congonhas, parecia ser apenas o dia seguinte ao último dia que te vi aqui em Brasília. O B1 e o B2 vestidos com a camisa da Legião Urbana arrebentam desde a década de 1990. Que mais e mais anos nos acompanhem para todo o sempre. Obrigado, Carol ou Nega. Obrigado por ser sempre assim: você. Ah, e se me permite descrevê-la em uma única palavra, ouso escrever: “AMOR”. Se cuida, mas nem tanto!

Carol com Tico e eu com Fubá


quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Teclar ou falar? Uma decisão a ser vivida

As pessoas, apesar de acharem que estão mais próximas por conta das novas tecnologias e redes sociais, estão se distanciando. Não digo isso sem antes ter feito uma análise do momento vivido pela população brasileira. Hoje, as pessoas não conversam mais. Quase tudo, seja no trabalho ou no seio familiar, é tratado via WhatsApp. Ou seja, é teclado e não falado. Estou errado?

Eu, em particular, participo de 45 grupos só de trabalho. Tenho mais uns cinco entre amigos e mais um da família. São mais de 50 telas piscando o dia todo, o que me gera mais de 1 mil mensagens por dia para serem lidas e, quiçá, respondidas. Isto me tirou o prazer em teclar pelo celular e gerou preguiça em me comunicar via mensagens de texto.

Pela noite, como sempre, me veio a inspiração de um poema que trata sobre o tema. Poema, esse, que será publicado em uma coletânea de poemas editada pelo amigo Evan do Carmo. Agradeço de antemão o espaço. Leia a seguir e me diga se você gostou.

Teclar ou falar?

Ei, psiu!
Eu resolvi lhe falar
Pois o teclar já não é mais parte do meu gostar

Teclar é frio, é vazio
E muitas vezes gera confusão
O falar, não!
Ele é quente e alegre
E na maioria das vezes acalenta o coração

Falar não é para qualquer um
Porque como já nos foi ensinado: "a boca fala do que o coração está cheio"
Já o teclar, não!
Ele esconde intenções e acaba por abafar os sentimentos dos corações

O teclar é moderno, o falar é tradição
E entre o teclar e o falar, escolho o falar, mesmo que te ocupe a audição

E sobre o falar, vai uma última observação:
Não adianta mandar áudio, tem de telefonar.
Porque no áudio botamos edição e já no telefonar, botamos o coração.

Ep. 2 - Um plano infalível

 Não demorou muito e precisei deixar a casa dos meus pais. Não sabia para onde ir ou a quem recorrer. Certo era que voltar a morar com eles ...