sexta-feira, 15 de abril de 2011

Conhece-te a ti mesmo

Não é fácil conhecer uma pessoa. Você pode conviver com ela durante anos e mesmo assim se surpreender com alguma atitude, alguma postura ou decisão tomada. Não coloco a culpa na outra pessoa. Chamo para mim a responsabilidade de tentar conhecer ao máximo as pessoas que me cercam todos os dias. Tarefa difícil e quase impossível.

Na Grécia Antiga, Sócrates escreveu: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o resto do universo”. Claro, conhecer-te a ti mesmo. Eis a questão. Não sabemos ao certo quem somos e como somos capazes de reagir a situações extremas. Me ocorre que ultimamente tenho tirado mais de 70% do meu dia ao trabalho. O convívio com os colegas desgasta e acabamos por dizer algo que possa entristecer alguém. Isso me incomoda.

Quando pego meu carro de volta para casa e entro, todos os dias, na larga Avenida do Eixo Monumental de Brasília faço uma breve avaliação das minhas atitudes durante as horas que antecederam o anoitecer. Confesso que quase todo dia percebo que muita coisa poderia ser diferente. Aquela palavra que não deveria ser dita. Aquela informação que deveria ser melhor trabalhada. Aquele bom-dia que poderia ter sido desejado com um sorriso maior no rosto. Aquela caneta que poderia ter recolhido para alguém. Aquele café que poderia ter oferecido... Tudo me vem na memória.

Tenho aprendido a fazer duas coisas no dia. Quando me levanto, e isso ocorre sempre às 6h, peço a Deus para que eu possa fazer o bem. Planejo ações e tento executá-las. Ao fim do dia, como dito, faço o balanço. Um dia, tenho certeza, vou ter mais o que comemorar. Hoje, busco o autoconhecimento. Porque o homem é apenas uma partícula na imensidão do universo. Mas a complexidade de seu intelecto se parece, segundo cientistas da pós-modernidade, com a complexidade do universo. Talvez, por isso, Sócrates tenha sido tão feliz em sua colocação. “Conhece-te a ti mesmo”. Por aí vou, tentando acertar mais que errar na vida. Experimente isto.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Pós-modernidade: o bem vence o tempo

“O problema das pessoas é que o mundo evoluiu e já se passou da modernidade, atingindo um estágio pós-moderno capaz de descaracterizar toda e qualquer intenção de se fazer o bem”. A frase foi pronunciada antes das 7h de uma quinta-feira em algum lugar da capital da República Federativa do Brasil. O adolescente, que acordara cedo de mau-humor, ficou pensando naquilo enquanto esperava por um pão quente na chapa.

Estranho despertar para um ser que ultimamente só se preocupa com espinhas, futebol, iPod e uma possível paixão em sua escola. Mesmo assim, enquanto saturava seu leite de Todd, resolveu se aventurar em desvendar o que tal frase significava naquele momento. O avô, que acordou um pouco mais tarde, por volta das 7h20, foi pego de surpresa ao ser questionado sobre o que havia mudado tanto que atrapalhava as pessoas a fazer o bem. Meio acordado, meio dormindo, disse: “o dinheiro, a violência e o egoísmo”.

Em meados de 1960, um outro adolescente se deparava com questionamento parecido, mas nem tanto enigmático. “O que faz o homem voar e chegar à Lua? Eis a grande questão a ser resolvida pelo então jovem que hoje é avô. Passados 50 anos, cinco décadas ou duas gerações, se fala em pós-modernidade de uma forma estranha. O que é moderno já é ultrapassado? O pós-moderno é o futuro? Não sei.

A evolução da tecnologia com o uso massivo do computador, do celular, de veículos que estacionam sem condutor e outras tantas coisas estão no cotidiano do adolescente, que agora já saboreia seu pão feito na chapa. Com a boca cheia, fixando o olhar para o chão, deixa escapar: “Vocês não entendem nosso mundo. É diferente”.

Os avós ficam pasmos, mas concordam. Ora, quando tinham 14 anos não contavam com tanta tecnologia, que hoje é um mundo distante. Ligar um computador, mandar e-mail, twittar... Nossa, quanta coisa estranha. Mas o avô não perde tempo e começa a falar com neto.

- Sim, meu filho. Os anos passaram e nem sempre nós, que parecemos dinossauros em meio à extinção, acompanhamos sua evolução. Mesmo assim, tem algo que nem o tempo, nem o avanço tecnológico, nem nada pode mudar: o caráter de uma pessoa. Seja na pré-história, na época de Cristo, no mundo medieval, na Revolução Francesa, nas duas Guerras Mundiais, na modernidade ou nessa tal pós-modernidade, nada pode mudar a honestidade, a generosidade e a solidariedade de uma pessoa do bem. Fazer o que é bom sem olhar a quem. Isso ultrapassou os tempos e nunca será perdido, pois no coração do homem existe um “cômodo” cheio de carinho, amor e fraternidade. Nunca te esqueças disso e ajude a fazer com que essa mensagem não seja desvirtuada pela pós-modernidade.

O neto achou que o avô estava “viajando” naquele momento, mas sentiu algo em seu coração. O fruto de tal conversa só foi conhecido quase uma vida depois. No leito de morte, o neto, que agora se tornara avô de sete crianças, chama a esposa e pergunta em seu último sussurro de vida: “eu venci a pós-modernidade?” A esposa, que minutos depois se tornaria viúva, respondeu:

- Meu amor, em minha vida sempre vi pessoas querendo tirar proveito das outras. O jeitinho brasileiro foi algo presente nas rodas de amigos e também sociais. Ao te conhecer, notei que poderia haver algo diferente daquilo que eu havia vivido até ali. Exemplo de solidariedade, compromisso, dedicação e amor, você não só venceu a pós-modernidade, mas também o que vem depois dela e o que virá daqui há séculos. As palavras voam, mas os exemplos arrastam. E você arrastou uma família e duas gerações para darem continuidade à essa mensagem. Eu te amo!

Ao ouvir isso, o adolescente que comera aquele pão na chapa entregou-se ao destino da vida, certo de que os ensinamentos que aprendera com seu avô foram passados para outras gerações.

Ep. 2 - Um plano infalível

 Não demorou muito e precisei deixar a casa dos meus pais. Não sabia para onde ir ou a quem recorrer. Certo era que voltar a morar com eles ...